A empresa britânica Oxitec, especializada no controlo de populações de insetos que transmitem doenças e danificam produtos agrícolas, tem um plano que pretende executar no outro lado do oceano Atlântico.
A ideia é soltar centenas de milhares de mosquitos geneticamente modificados na zona de Key West, na Flórida.
A intenção é erradicar a população de mosquitos (Aedes aegypti) portadores do vírus que causa a dengue, uma doença potencialmente fatal.
O método contaria com o cruzamento destes mosquitos portadores de uma mutação degenerativa com a população selvagem, na esperança de levar à propagação da tal mutação. Isto levaria a que sucessivas gerações de mosquitos morressem antes de atingir a maturidade.
A justificação do plano baseia-se no facto de não existir ainda uma vacina contra a dengue, assim como o facto da economia local depender do turismo, juntos levando à premissa que um eventual surto da doença poderia ter consequências drásticas a nível financeiro. Isto apesar de uma baixa taxa de mortalidade associada à doença e do facto de não haver casos de infecção desde 2010.
A FDA (Administração de Alimentos e Drogas dos EUA) está em vias de chegar a uma decisão para dar ou não a luz verde ao projecto da Oxitec. Mas a população local está apreensiva com a proposta.
Mila de Meier, uma agente de imobiliário local afirma que “existem mais perguntas do que respostas” e sente que há necessidade de mais investigação antes do plano ir adiante.
Meier, que iniciou uma petição online no website www.change.org (que já conta com 117.997 assinaturas) apresenta uma série de questões pertinentes:
“Irá a espécie mais virulenta (Aedes albopictus), também portadora do vírus da dengue, preencher o espaço criado pela redução da primeira espécie?”
“Irá o vírus da dengue mutar-se tornando-se ainda mais perigoso?”
“E a população nativa de morcegos de Key West? Há alguns estudos a serem realizados para confirmar que estes mosquitos geneticamente modificados não a afectarão?”
Meier observa ainda que “a febre da dengue está ausente em Key West desde 2010, o que indica que os métodos actuais de controlo e de educação do público estão a resultar” o que a leva à pergunta:
“Qual é a pressa para esta medida tão radical?”
Será ético interferir com a natureza de tal modo, ademais apenas como medida preventiva, numa economia relativamente abastada como a que está em questão?