O caso começou quando o diário Süddeutsche Zeitung publicou provas de que Guttenberg tinha plagiado parte da sua tese de doutoramento em Direito. Na terça-feira, o ministro, que já recebeu o epíteto de “barão do copy-paste” apresentou a sua demissão.
“É o passo mais doloroso da minha vida, mas quem se decide pela carreira política não pode esperar compaixão”, afirmou Guttenberg, na declaração lida no ministério da defesa, em que começou por anunciar que já tinha apresentado o seu pedido de demissão à chanceler Angela Merkel, a quem agradeceu “a confiança e a compreensão”.
A chanceler alemã, Angela Merkel, lamentou a saída do seu ministro mais popular, que descreve como “um homem com capacidades políticas extraordinárias”.
Guttenberg, jovial, distinto, bem parecido, de ascendência aristocrática, era o ministro mais popular da coligação de centro-direita, surgindo mesmo à frente de Angela Merkel nos barómetros de simpatia dos políticos alemães nos últimos meses.
Além disso, era também a grande esperança do seu partido, a União Social-Cristã (CSU) da Baviera, para uma eventual candidatura a chanceler federal e para suceder a Merkel, a médio ou longo prazo.
A dirigente conservadora tentou ainda defender a permanência de Guttenberg no executivo, afirmando que tinha nomeado “um ministro da Defesa, e não um assistente académico”, mesmo depois de a Universidade de Bayreuth, confrontada com numerosas provas de plágio na tese de doutoramento, lhe ter retirado o grau de doutor.
Na semana passada, Guttenberg já tinha anunciado que renunciaria ao título, admitindo que tinha cometido “graves erros” no seu trabalho académico, justificados com os seus inúmeros afazeres, mas garantindo que não tinha cometido plágio intencionalmente.
A oposição, porém, acusou o ministro de continuar a não revelar toda a verdade, e insinuou mesmo no parlamento que Guttenberg não foi o autor da tese, e provavelmente recorreu a um “ghostwriter” (um autor anónimo) para a escrever.
O mundo académico também não escondeu o seu desagrado, e em carta aberta a Angela Merkel, entretanto subscrita por mais de 50 mil docentes e doutorandos, exigiu a demissão do ministro, considerando o plágio “uma vergonha”.