Cirillo não se limita a distribuir os preservativos, mas faz perguntas aos romanos e turistas sobre se conciordam com a posição do Papa, que considerou que este tipo de contraceptivo não é solução para combater a Sida, o que deve ser feito através da educação e formação moral. As palavras de Bento XVI foram proferidas, no mês passado, no seu primeiro périplo a África, o continente mais afectado pela doença (22 milhões de pessoas, segundo as Nações Unidas) e onde faltam meios de prevenção e tratamento “Quando amamos alguém, devemos respeitá-lo fazendo sexo em segurança”, disse Cirillo, que considera o uso do preservativo como uma forma de educar as pessoas no sentido da responsabilidade nas relações íntimas. As palavras do Papa foram condenadas por diversos governos, nomeadamente o francês, o alemão e o holandês e ainda pela agência da ONU responsável pela luta contra a doença. A maioria dos comentários aponta para uma posição irrealista, irresponsável e mesmo perigosa do Papa face à dimensão da epidemia. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, lamentou, esta semana, no Porto, que “o pensamento do Santo Padre esteja a ser maltratado” na questão do uso do preservativo. “No contexto em que as suas palavras foram pronunciadas, há uma mensagem muito mais vasta que Portugal não quis ouvir”, sustentou D. Jorge Ortiga. Nessa sua mensagem, o Papa disse que a Sida não se combate só com dinheiro “nem com a distribuição de preservativos que, ao contrário, aumentam o problema”. Responsáveis da Igreja Católica portuguesa admitiram que “em condições extremas” os preservativos podem ajudar a resolver o problema da Sida, ressalvando, porém, que o combate à epidemia passa “antes de mais pela educação” do que pela utilização de contraceptivos. O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, defendeu que “a grande solução” para o problema da sida “é comportamental”, sendo o preservativo um “expediente” que poderá ter “o seu cabimento nalguns casos”. Num comunicado disponível no site da sua diocese, o Bispo de Viseu, Ilídio Leandro, defendeu que quando os doentes infectados com Sida têm uma vida sexual activa têm uma “obrigação moral de se prevenir e de não provocar a doença na outra pessoa”. “Aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório”, afirmou o bispo, alegando, no entanto, que o Papa tem defendido a sua doutrina e que é natural que não afirme que “banaliza o valor, o sentido e a vivência da sexualidade”. Também o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, defendeu que “proibir o preservativo é consentir na morte de muitas pessoas” e que as pessoas que aconselham o Papa deviam ser “mais cultas”.
Activista distribui preservativos em Roma (COM VÍDEO)
O presidente da organização "Preservativos para Todos", Giuseppe Cirillo, distribuiu, esta sexta-feira, preservativos nas ruas de Roma, em mais um protesto contra a posição do Papa, que na viagem a África condenou o seu uso como forma de combate à Sida. As palvras de Bento XVI foram criticadas por diversos governos, instituições da ONU e activistas na luta contra o VIH/Sida. Veja o VÍDEO da SIC