Foi por causa de uma pergunta provocadora que se pode dizer, com elevado grau de certeza, que as taxas de juro globais nunca foram tão baixas como nos últimos anos. Depois de ter feito esta afirmação numa comissão parlamentar, Andy Haldane, antigo economista-chefe do Banco de Inglaterra, foi questionado por um colega sobre se tinha a certeza de que, na civilização babilónica, os juros não eram mais baixos. Desafio aceite. E, num discurso proferido em 2015, o ex-responsável do banco central britânico referiu: “Depois de vários assistentes de investigação exaustos, posso agora informar que, por sorte, eu estava em terreno seguro e as taxas de juro aparentam situar-se em níveis mais baixos do que em qualquer altura dos últimos cinco mil anos.” De 2015 para 2021, as taxas afundaram ainda mais e, em alguns casos, para valores negativos.
O custo do dinheiro nunca foi tão baixo – e isso tem implicações profundas na forma como se pode fazer crescer as poupanças. Muito provavelmente, este tem sido um dos períodos mais difíceis para rentabilizar o dinheiro investido em aplicações de baixo risco, como depósitos bancários e produtos de dívida do Estado, que acompanham as taxas de juro e, portanto, pouco ou nada rendem. Ao mesmo tempo, a probabilidade de se fazer dinheiro em ativos de alto risco, como ações e imobiliário, também nunca terá sido tão alta como nos últimos tempos. Para lidar com as sucessivas crises que afetaram a economia global, os maiores bancos centrais mundiais cortaram as taxas de juro para mínimos e têm comprado biliões e biliões de ativos como obrigações de países, de empresas e de bancos, conduzindo à sua valorização. O objetivo é assegurar que o dinheiro continua a fluir e que as condições de crédito sejam favoráveis, de modo a apoiar o investimento e a recuperação da economia.