Uma família inglesa foi recentemente notícia na Nova Zelândia. Ao todo eram 12 pessoas, de férias naquele país, e o seu comportamento questionável transformou-se no símbolo dos efeitos indesejados do turismo.
Segundo o New York Times, a família em causa acabou por estar em destaque depois de deixar um monte de lixo numa praia, ter roubado uma árvore de Natal numa bomba de gasolina e ter causado um pequeno motim num Burguer King, tendo acabado por serem todos expulsos do país. A aventura destes ingleses foi sendo documentada por neozelandeses nas redes sociais e acabou por tornar-se o centro de uma polémica num dos países nos quais o turismo mais tem crescido.
Os pacatos cidadãos locais têm estado envolvidos nesse debate, quando os números apontam para a quebra de um limiar: nos próximos anos, espera-se que mais pessoas visitem anualmente a Nova Zelândia do que este país tem de habitantes.
Mas se, do outro lado do mundo, se discute este marco para falar dos efeitos do turismo, há vários países que já estão com esse indicador ultrapassado. É o caso de Portugal, que tem um rácio de 1,499 turistas por cada habitante.
De acordo com dados do Banco Mundial trabalhados pela VISÃO, há 20 países com mais visitantes do que habitantes, numa tabela liderada pela Croácia, com um rácio de 3,79 turistas para cada residente. Seguem-se Hong-Kong (região autónoma mas pertencente à China), Áustria, Grécia, Singapura e Irlanda. Os dados são relativos a final de 2017, da responsabilidade do Banco Mundial, tanto no que toca a visitantes como à população, para efeitos comparativos. Retirámos ainda deste exercício os países com uma população inferior a dois milhões de habitantes.
Nesta tabela, Portugal surge na 12ª posição, à frente da França e a seguir à Albânia: em 2017, por cada residente no nosso país, recebemos quase 1,5 turistas.
No que toca a Portugal, este efeito deverá ter-se acentuado em 2018 e poderá continuar, já que o fluxo turístico tem aumentado muito acima da população residente. O nosso país passou a ter um rácio superior a 1 (um turista por cada habitante) a partir do final de 2014, e este indicador não tem parado de subir, como se pode conferir no gráfico abaixo.