Empoderamento. Esta é a palavra em voga das mulheres que se interessam por tecnologia. São muitas, ou cada vez mais, mas mesmo assim a ideia que predomina é que a tecnologia só se conjuga no masculino. E, na verdade, eles conseguem mais facilmente abrir portas para fazer vingar os seus projetos no mercado tecnológico ou conquistar cargos de relevo – queixam-se elas, as que também têm projetos de base tecnológica e que sentem não ter tantas oportunidades na atenção dos que podem ajudar na sua concretização e, depois, a ganhar escala.
Esta ideia é a base da plataforma Chicas Poderosas, organização sem fins lucrativos, lançada na América latina pela portuguesa Mariana Santos, e que preencherá dois dias de conferências e workshops da segunda edição da semana Start & Scale, que animará o Porto, entre 27 de maio e 3 de junho.
“Queremos mostrar que existem mulheres a fazer projetos super-interessantes, a quem a comunidade deve abrir portas e dar visibilidade”, explica à VISÃO Teresa Morais, 34 anos, uma das Chicas, a que está a organizar as sessões no Porto, cujo lema geral será A felicidade como requisito e fim da inovação. “Nós, sendo minoria nesta revolução digital, corremos o risco de ficar para trás.”
Dominar para ganhar visibilidade
Como é que a tecnologia contribui para a nossa felicidade? Porque, sabendo usá-la, pode ajudar não só a dar visibilidade aos projetos, como pode facilitar a vida. “É preciso descomplexar a tecnologia, pondo-a ao serviço das nossas causas e ideias e assim empoderar as mulheres daquilo que as faz feliz e as ajuda a seguir em frente”, prossegue Teresa Morais.
Pode ser contar uma história inspiradora, numa narrativa storytelling através de um podcast, por exemplo. E para isso, é preciso dominar as ferramentas tecnológicas. “Mulheres inspiradas vão a todo o lado”, acredita Teresa, que quer inspirar outras e expandir, por contágio, este movimento. Até porque “hoje, todas as áreas de conhecimento requerem tecnologia, esta oferece potencial em todos os níveis da nossa vida, tanto profissional como pessoal, e é transversal a todas as classes e idades”. Teresa acha mesmo que se ela servir para “fazer melhor trabalho, contar boas histórias e fazer chegar informação a sítios mais longínquos”, dá-nos mais realização pessoal e profissional, logo, mais poder.
E aqui chegamos ao tal empoderamento. “Acreditamos muito na igualdade de oportunidades, que o empoderamento serve a todos e que a diversidade faz sentido, não só do ponto de vista ético e dos direitos humanos, como também da economia. As empresas e associações têm de ficar mais fiéis à distribuição de género na sociedade e eliminar o gap que ainda existe no mundo tecnológico entre homens e mulheres”.
Se quiser saber mais, a 29 e 30 terá de se dirigir ao Hard Club e assistir às sessões, que vão discutir “felicidade e trabalho” e contar histórias inspiradoras de várias formas.
Juntar grandes empresas e startups
Mas não é só de mulheres que trata a semana que pretende fazer do empreendedorismo uma festa. Promovida no âmbito da criação do projeto ScaleUp Porto lançado há um ano atrás para “promover um ecossistema de inovação”, a Start & Scale terá todos os dias uma open house, instituição aberta a qualquer um que queira conhecer a tecnologia que tem por dentro. Por exemplo, o Centro de Gestão Integrada do Porto, que gere a tecnologia que domina a cidade.
“Pôr as grandes empresas a conhecer as startup e fomentar oportunidades de negócios” é o objetivo da sessão doing business, a 31 maio, tal como nos adianta Filipe Araújo, vereador do pelouro de Inovação e Ambiente da Câmara do Porto, entidade promotora do projeto em parceria com a universidade e empresas. É aqui que uma startup pode encontrar futuros clientes. “Tens uma startup e gostavas de poder participar nestas reuniões? Regista-te até dia 21 de maio escolhendo as empresas com quem faz sentido reunir para explorar oportunidades de negócio”, é o apelo que se lê aqui e onde pode ir acompanhando todo o programa e inscever-se.
A 1 de junho, o ScaleUp for Europe juntará “investidores, empreendedores e órgãos de decisão europeus”. No dia seguinte, o Palácio da Bolsa será o lugar de uma masterclass, na qual Alexander Grosse dará dicas de como gerir o crescimento de uma empresa ou equipa.
Nos dois últimos dias, a cidade será um laboratório vivo, com o Hackacity, a grande maratona que ligará equipas do Porto, Manchester, Cuiabá, Guadalajara e Olinda que trabalharão dados disponibilizados no momento.
Finalmente, o Commit Porto terá como palco a Faculdade de Engenharia, para uma conferência tecnológica que reúne profissionais que se deparam com os desafios das últimas novidades de software.
“Ultimamente, têm sido criados muitos empregos, e muitos do ecossistema do ScaleUp estão a contratar”, regista Filipe Araújo. Confrontado com o facto de muitos serem call centers, ainda que exigindo alguma qualificação, o vereador dá o exemplo de empresas que se transferiram para a cidade, como a Critical Software e que exigem grandes qualificações.