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Na Terça-feira passada, o presidente do Parlamento ucraniano, Vladimir Litvin, teve de se proteger, com guarda-chuvas, dos ovos que lhe eram lançados pelos deputados da oposição em protesto da prorrogação da licença acordada entre o governo de Kiev e Moscovo, até 2042, da permanência da base naval russa em Sebastopol, no Mar Negro – mais 25 anos do acordado em 1997. Em troca da perda de soberania do país, como acusou a líder da oposição, a Ucrânia beneficiará de uma redução de 30% no preço do gás russo. Com o actual governo ucraniano, a estabilidade política entre os dois países regressou, e o estrangulamento no abastecimento de gás nos gasodutos, que deixou algumas vezes enregelados muitos países da Europa de Leste, cujas centrais de energia eléctrica dependem do gás russo, deixou, para já, de ser uma ameaça. Dependente de um monopólio bilateral entre produtor e consumidor, a comercialização do gás natural, via gasodutos, assenta em contratos de longa duração. Consequentemente, a dificuldade em determinar um preço no mercado global, levou os países exportadores do gás natural a indexar o respectivo preço ao preço do petróleo. Para se ter uma ideia da complexidade destes contratos bilaterais, Portugal demorou quase dois anos a negociar o abastecimento de gás com a Argélia. Mas para os países importadores de gás natural proveniente de outros continentes, difíceis de ligar via gasodutos, o gás tem de ser liquefeito (LNG), e transportado em navios-tanque, sob a forma de um líquido super gelado e altamente pressurizado. No destino são necessárias instalações portuárias especiais, onde o gás é novamente regaseificado e canalizado para os gasodutos. À semelhança do que já foi dito, a complexidade da comercialização do LNG exige contratos de longa duração e o preço indexado ao preço do petróleo. Mas a tão propalada crise de 2008-2009 veio alterar a equação – para responder à elevada volatilidade do petróleo nesse período, o LNG foi obrigado a ser rápido na adaptação. Um spot market próprio à comercialização do gás liquefeito está a emergir e a expandir-se, da Ásia à América, tendo como objectivo final desligar-se do volátil indexante. Para isso, os contratos de longa duração estão a ser gradualmente substituídos por contratos mais flexíveis que abrem caminho a um preço integrado no mercado global. No final, o consumidor é quem mais beneficia, porque ao diversificar-se a escolha nas energias primárias, melhora a segurança energética a nível mundial. Na Europa, muitos países consumidores do gás russo, já estão a beneficiar, não só dos novos preços do LNG como de contratos muito mais flexíveis, e a preferência pelo gás liquefeito, tem vindo a aumentar. No final de 2009, o LNG comercializado a nível mundial corresponde já a 8% do total do gás natural. Para evitar a chuva de ovos bastava ao governo ucraniano olhar em volta e perceber a mudança. A aposta na subida dos preços do gás natural é uma das campanhas de investimento em curso proposta pela Altavisa Gestão de Patrimónios, veja aqui como investir.