A primeira edição do Campeonato da Europa de Futebol aconteceu em 1960. Nos 16 anos que se seguiram, a fase final da competição decorria apenas entre quatro seleções nacionais. A partir de 1980, passaram a ser oito participantes, subindo para 16 em 1996, até que, a partir de 2016, passaram a ser 24, número que se mantém até aos dias de hoje. Ao todo, realizaram-se 16 Europeus, nos quais Portugal conseguiu participar em metade, beneficiando não só do crescente alargamento do número de participantes mas também, e sobretudo, da melhoria e crescimento da qualidade dos seus intervenientes. Desde a estreia em 1984 até hoje, a Seleção Nacional só falhou duas edições da competição, em 1988, na Alemanha, e em 1992, na Suécia. Aqui recordamos estes 40 anos de história do futebol português, nem sempre bem-sucedidos, mas marcados por grandes jogadores, momentos dramáticos, feitos inéditos e, claro, a conquista de um título de Campeão da Europa, que todos esperam que se repita. De preferência, já no próximo dia 14 de julho, no Estádio Olímpico, em Berlim.
Euro1984 – França
Dos milagres à desilusão
Portugal apurou-se para a sua primeira fase final de um Europeu depois de conseguir vencer um grupo de qualificação em que defrontou a Finlândia e as poderosas Polónia e URSS. Um feito que, se já existisse VAR na altura, talvez não tivesse acontecido. Muitos se recordarão do penálti “cavado” por Chalana, que foi rasteirado a um metro da área, mas conseguiu cair já bem lá dentro, enganando o árbitro e permitindo a Jordão marcar o golo que garantiu o primeiro lugar do grupo. Estava consumado o primeiro milagre de 1984. O segundo foi ver uma seleção minada por clivagens clubísticas (rezam as crónicas de que os jogadores de Benfica, Sporting e FC Porto mal se falavam), com uma equipa técnica formada por 4 treinadores para satisfazer os chamados três grandes, ser capaz de passar à semifinal do Europeu num grupo em que tinha como adversários a Alemanha, a Espanha e a Roménia. Podendo contar com a excelente forma de Chalana, Jordão e Bento, mas também com o talento de jogadores como Jaime Pacheco, Sousa, Carlos Manuel, Álvaro ou Nené, Portugal empatou com alemães e espanhóis e venceu a Roménia, marcando presença em Marselha para uma dramática meia-final contra a anfitriã, França. A Seleção Nacional entrou praticamente a perder, mas deu a volta, primeiro no tempo regulamentar e, depois, no prolongamento, graças à uma exibição genial de Chalana e a dois golos de Jordão. A inexperiência, contudo, deitou tudo a perder nos últimos 5 minutos do prolongamento, face a uma equipa de França comandada pelo fantástico Michel Platini, que viria a sagrar-se campeã, dias depois, em Paris, contra a Espanha.