Se fosse eleitor norte-americano, o meu voto não seria nem vermelho nem azul, mas neste senhor que equipa de verde.
A perseguição de Neemias Queta pelo “American Dream” começou em 2018, quando decidiu deixar o Benfica, equipa com que se estreou na Liga Portuguesa de Basquetebol, para rumar aos Estados Unidos da América. Durante os três anos seguintes, Neemias brilhou ao serviço da Utah State University, decidido em fazer história e a tornar-se no primeiro português a jogar na NBA. Em 2021, declarou-se disponível para o draft: a 8 de agosto desse ano, os Sacramento Kings usaram a 39.ª escolha para contratar o poste natural do Barreiro.
Neemias estreou-se na NBA, mas cumpriu apenas 19 jogos pelos Kings, durante as duas temporadas em que representou a equipa da capital do estado da Califórnia. Devido à forte concorrência na sua posição, com postes bem mais experientes, o português acabou por jogar, a maior parte do tempo, pela equipa secundária de Sacramento (os Stockton Kings).
No dia 12 de setembro de 2023, seria… dispensado. Mas “tuga que é tuga” mostra ao que vai, não desiste. E, apenas uma semana depois, chegou a bonança que sucede à tempestade. “Quetão” – como também é carinhosamente conhecido – assinou contrato com uma das maiores equipas da NBA, os Boston Celtics. Na época passada (2023/2024), fez 31 jogos e saboreou a “cereja no topo do bolo”, tornando-se campeão da principal liga norte-americana. Mais uma vez, o primeiro português a conseguir tal feito.
E como para Neemias o céu parece não ter limites, o talentoso gigante continua a marcar a diferença nesta época.
Depois de, recentemente, se ter estreado a titular pela primeira vez na NBA – na visita ao pavilhão dos Atlanta Hawks (vitória por 123-93) –, Neemias voltou a ser aposta no cinco inicial na receção aos Golden State Warriors, fazendo aquela que, muito provavelmente, foi a sua exibição mais marcante desde que chegou a Boston: 14 pontos, oito ressaltos e dois desarmes de lançamento. Ele ataca bem e defende ainda melhor. Neemias mostra lá fora do que somos feitos!
“What a game by Queta”, vibrou o lendário comentador norte-americano Mike Breen, após um afundanço que deixou a arena dos Celtics a ferver que nem um pastel de nata a sair do forno. Uma representação do nosso país que deixou qualquer pessoa que estivesse em Portugal a acompanhar o jogo com um enorme sentimento de orgulho. Neemias é português e dá cartas nos Estados Unidos da América.
Não sei se chega a mayor de Boston. Mas, para nós, Neemias Queta é o maior.
E vale mesmo a pena continuar a perder umas horas de sono para assistir às exibições do craque português, que continua a espalhar magia do outro lado do Atlântico. É só tentar não adormecer nos time-outs e reforçar os alarmes da manhã.
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