Os cronómetros não enganam: Usain Bolt está mais lento no Rio do que em qualquer um dos seus anteriores Jogos Olímpicos. Mas o que conta é o resultado final e não o relógio: Usain Bolt continua a demonstrar, no Rio, que é mais rápido do que todos os outros adversários.
Com a sua vitória nos 100 metros, no domingo, com 9,81s, Usain Bolt tornou-se o primeiro atleta a vencer aquela distância em três Jogos Olímpicos consecutivos. Na noite de quinta-feira repetiu a proeza nos 200 metros, com uma marca de 19,78 segundos.
Em ambas as provas, o jamaicano não deu qualquer hipótese aos adversários para lhe poderem discutir a vitória. E se nos 100 metros ainda pareceu dar a sensação de se estar a atrasar na parte inicial da corrida, nos 200 metros apareceu logo na curva com um avanço já demasiado longo para quem quer que fosse.
Mas se formos ver os tempos com que ganhou no Rio em comparação com os que registou nas vitórias em Pequim e em Londres depressa se percebe como o jamaicano já não tem a mesma velocidade. Daí ainda não ter batido qualquer recorde (mundial ou olímpico) no Rio, algo inédito para Usain Bolt em Jogos Olímpicos.
Mas apesar de estar a abrandar – “estou a ficar velho”, reconheceu após a final dos 200 metros – , Usain Bolt ainda continua a atingir marcas estratosféricas para os outros corredores. Os 19,78 com que ganhou, na quinta-feira, os 200 metros tinham-lhe chegado para ganhar também em Pequim e em Londres – onde, no entanto, venceu com os tempos de 19,30s e 19,32s.
Já com os 9,81s que registou nos 100 metros, o caso muda de figura: chegavam-lhe para voltar a vencer em Pequim (onde fez 9,69s), mas em Londres (em que registou 9,63s) seria atirado agora para o terceiro lugar, atrás de Yohan Blake (9,75s) e Justin Gatlin (9,79s).
Mas o que conta mesmo são as vitórias e mais do que bater recordes no Rio, Usain Bolt tem mostrado estar muito mais interessado em garantir o tão ambicionado e inédito triplo-triplo: três medalhas de ouro nas provas de velocidade em três Jogos consecutivos. A concretização desse objectivo, no entanto, já não está agora exclusivamente nos seus pés: vai precisar da ajuda dos seus companheiros da equipa da Jamaica para vencer, no sábado, a estafeta dos 4×100 metros. E voltar a demonstrar, na sua última prova olímpica, que mesmo mais lento do que antes continua a ser o mais rápido de todos.
O que é que eu preciso de fazer mais para provar que sou o maior?”, perguntou Bolt aos jornalistas, após vencer os 200 metros. Ele sabia a resposta: completar o triplo-triplo. Depois disso, declarou, ganhará o seu lugar na História. “Um lugar entre os maiores, entre Muahammad Ali e Pelé. É nesse lugar que eu vou estar depois destes Jogos Olímpicos”. Ou seja, já no domingo, 21, dia da cerimónia de encerramento do Rio 2016, mas também o dia do 30.º aniversário de Usain Bolt. Parabéns à lenda.