“Dedico a vitória à Susana Torres, a minha mental coach. Deviam conhecê-la”, atirou Éder na zona de entrevistas rápidas, instantes depois de ter dado o título europeu a Portugal.
Terá sido ela quem o arrancou das trevas e lhe mostrou a luz, quando o avançado começou a duvidar das suas capacidades. Estava no Sp. Braga e procurou ajuda profissional para dar a volta a uma crise de confiança que poderia ameaçar o seu futuro no futebol. É o que se depreende de uma entrevista de Susana Torres ao site The Miracle Coach, na qual esta mulher com carreira na banca explica, sem nunca citar o nome de Éder, como decidiu iniciar um percurso numa área que se dedica a trabalhar a força mental dos desportistas.
“Tudo aconteceu por acaso e com um jogador de futebol. Este jogador, que na altura colocava em causa a sua carreira desportiva, comentou comigo o seu sonho de criança e acabámos por lançar um desafio um ao outro: Ele transformava o seu sonho num objetivo a seis meses, e eu dar-lhe ia todas as ferramentas que possuía para o ajudar a conquistar esse objetivo”, contou Susana Torres, acrescentando que, ao fim de “seis meses de trabalho intensivo”, esse jogador “rumou a uma das ligas mais exigentes do mundo”.
Em Julho de 2015, Éder transferiu-se do Sp. Braga para o Swansea, da Premier League inglesa. Mas, na referida entrevista, Susana Torres não quis adiantar mais pormenores sobre a história, uma vez que “será contada em livro”, argumentou. Agora, há um longo capítulo final a acrescentar – ou não tivesse sido Éder a resolver um Campeonato da Europa para o qual muitos críticos nem queriam que tivesse sido convocado.
Contra todo o ceticismo à sua volta, antes de entrar em campo ouviu Cristiano Ronaldo segredar-lhe que ia decidir o Europeu e informou Fernando Santos do que estava para vir, revelou o selecionador: “Quando o chamei disse-me que ia marcar golo. Aí está o prémio. O patinho feio tornou-se bonito.”
A autoconfiança de Éder não surgiu do nada. O trabalho com Susana Torres parece ter tido bastante peso, como reconheceu ontem Éder, já na pele de campeão europeu. Na referida entrevista, a mental coach (treinadora mental) dá pistas sobre o processo, ao brincar com os treinadores e os jogadores que, perante uma sequência de maus resultados, dizem que a equipa precisa de uma vitória para ganhar confiança. Segundo ela, “a confiança é algo que precisamos e que nos ajuda a obter uma melhor performance, sendo por isso fundamental aprender a aceder a este recurso antes de entrar em campo e não depois.”
Éder entrou a top, com a confiança em alta e, quando teve um pouco de espaço, disparou para o fundo da baliza de Lloris. E voilà.