Fernando Venâncio: “Pensar que podemos mudar a língua, sobretudo a dos outros, é uma ilusão que importa perder o mais rapidamente possível”

Junto à Torre do Relógio, ex-líbris de Mértola, a vila alentejana, à beira do Guadiana, onde Fernando Venâncio se instalou em 2016 Foto; Alvaro Isidoro

Fernando Venâncio: “Pensar que podemos mudar a língua, sobretudo a dos outros, é uma ilusão que importa perder o mais rapidamente possível”

Nasceu há 77 anos em Mértola, a vila alentejana a que, reformado, regressou. “Vivi aqui os meus dois primeiros anos e, agora, os seis mais recentes”, conta Fernando Venâncio à VISÃO, num dia tórrido de julho que, ali, não surpreende. O livro Assim Nasceu Uma Língua – que, em 2019, se tornou uma espécie de clássico instantâneo nesta matéria pouco explorada em livros para o grande público – já foi escrito ali, na pequeníssima casa azul e branca onde vive sozinho. Depois, editou O Português à Descoberta do Brasileiro e está a preparar um livro novo, também sobre a Língua Portuguesa. Para trás ficou uma carreira de professor universitário e de investigador em língua e cultura portuguesas, em universidades holandesas – foi de Amesterdão que, há seis anos, viajou para Mértola. Antes de, em 1970, ter ido para a Holanda, o seu percurso escolar parecia levá-lo até uma desejada ordenação como padre. Mas a vida não foi por aí…

O regresso ao Alentejo inspirou-o na escrita de Assim Nasceu Uma Língua e nos trabalhos que tem feito sobre o Português?
Desde muito novo, habituei-me a reparar na maneira como as pessoas à minha volta falavam. É preciso ter em conta de que há 70 anos, aqui, se falava muito mais à alentejano do que hoje e, apesar de na altura ter apenas 2 anos, devo ter ido para Lisboa, para a Rua Coelho da Rocha, já com a minha fala alentejana, com essa musicalidade da língua… Certamente, reparei nas diferenças, no modo como as pessoas se me dirigiam em Lisboa. Mas a maior consciência disso senti-a aos 10 anos, em Braga, quando [no seminário] caí no meio de uma centena de minhotos, transmontanos e durienses que tinha as suas falas diferentes, ainda mais na altura, entre si e em relação ao padrão do português atual. Tive de me adaptar para sobreviver. Era o único do Sul, não havia mais ninguém que viesse de abaixo de Coimbra. Fui lá parar porque queria ser padre; a minha mãe trabalhava nos Correios, na Praça do Comércio, e em conversa com uma colega ela disse-lhe que tinha um primo que era reitor num seminário perto de Braga, na Falperra. Lá fui, vivi aí oito anos, num sítio maravilhoso, com vistas para o oceano, de um lado, e para a serra do Marão, do outro…

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