
Aos 43 anos e “com voz de cana rachada”, Bezegol ainda se admira como chegou aqui. Por ‘aqui’, subentenda-se, a uma carreira de uma década que agora se completa, com quatro álbuns editados e um numeroso grupo de fãs. O músico, nascido num bairro social do Porto, não encontra uma prateleira onde possa ser encaixado nem isso o preocupa. Diz que continua a fazer a música de que gosta sem preconceitos nem cedências. “Nasci e cresci a ouvir de tudo. Fado, desde logo, porque o meu pai era fadista, depois rock, porque era o que o meu irmão ouvia, e depois um pouco de tudo porque eu gosto de música independentemente do género”, explica à VISÃO. “Infelizmente, em Portugal vive-se muito das aparências e há muita gente a deixar de lado a música em que acredita para fazer aquilo que lhes dizem que é o que está a dar”, dispara Bezegol, que não se sente um cantor de intervenção mas é um crítico feroz do sistema e dos métodos da generalidade da indústria discográfica.
E é essa fusão de géneros, que vai do rap ao reggae, passando pelo fado, que ilustra o trabalho já editado em quatro álbuns, desde Rude Bwoy Stand (2007), Rude EP (2009), Monstro EP (2011) até S.A.C.A.N.A. (2013) onde prevalece também a voz grave e rouca. É ela também que sobressai logo aos primeiros versos de Maria, o tema recente que canta acompanhado por Rui Veloso, e que lhe deu novos palcos e, seguramente, novos públicos. Até aqui contavam-se pelos dedos as vezes em que Bezegol & Rude Bwoy Banda – o conjunto de músicos que o acompanha – entravam nas playlists das principais rádios nacionais. “O nome do Rui Veloso atrai e só isso terá despertado a curiosidade de muitos, assim do género: ‘deixa cá ver quem é este tal de Bezegol”, afinal de contas, uma expressão de calão para designar o haxixe que lhe ficou como alcunha e mais tarde como nome artístico.
Pelo palco do espetáculo justamente designado Still Standing, qualquer coisa como ainda de pé, Bezegol vai fazer uma retrospetiva dos trabalhos anteriores mas também de algumas faixas que foram sendo reveladas no seu canal no youtube desde 2015 e outras que dão corpo a 7 o quinto disco de originais que está em fase final de preparação e deverá sair antes da Páscoa de 2017. O trabalho será editado em vinil e permitirá o acesso a um código para descarregar depois o vídeo do concerto da Casa da Música, que será gravado em formato digital.
Entre os convidados garantidos na sala 2 da Casa da Música estão o rapper DEAU, Marta Pereira da Costa, com a guitarra portuguesa, interpretando uma versão de Rainha Sem Coroa, e Nana Sousa Dias. Mas Bezegol assegura que há mais surpresas.