O início do espetáculo estava marcado apenas para as 22h, mas a banda chegou logo depois de almoço para fazer o soundcheck e ensaiar, por uma última vez, os temas que, horas mais tarde, iria tocar na sala principal do cinema São Jorge, completamente lotada. Afinal, esta era a primeira apresentação ao vivo de um novo álbum, Mitra, que marca uma viragem no som dos Paus, célebres pela energia da “bateria siamesa” na boca de cena, com Joaquim Albergaria e Hélio Morais aos comandos.
Quem os visse naquele nervosismo maldisfarçado que antecede a subida ao palco, não imaginava estar perante uma das mais rodadas novas bandas nacionais, habituada a pisar os palcos de grandes festivais, nacionais e internacionais, como o Primavera Sound de Barcelona, o All Tomorrow’s Parties, em Londres, ou o South by Southwest, em Austin, no Texas. Aliás,andam por estes dias de março pela Europa (França, Holanda e Bélgica) e em Portugal, no verão, já têm data marcada marcada no festival Nos Alive. Um percurso notável, tendo em conta o formato pouco usual desta banda sem guitarras elétricas, composta por dois bateristas/vocalistas, um baixista e um teclista, todos vindos das franjas mais alternativas do rock. Nos Paus, esse mesmo rock serve de ponto de partida para uma sonoridade muito própria, quase tribal, onde a voz e as palavras ganharam agora, com Mitra, mais importância.