Beckett nas hortas de Sintra? É possível. Basta conversar com o escritor e cronista Miguel Esteves Cardoso, 58 anos, português de estudos britânicos e um currículo jornalístico que marcou toda uma geração (ou duas ou três). Por estes dias, MEC mantém ainda o discurso pejado de expressões coloquiais inglesas e, vá-se lá saber se por causa do lacinho (que voltou a usar) ou por outra razão, lembra, fisicamente, o pintor David Hockney. As palavras continuam a ser a sua matéria: é cronista de alma inteira, ocupando diariamente as últimas páginas do Público (ao fim de semana, assina também uma crónica sobre comida). Uma alma grande: os seus problemas, hoje, já não são os bizarros nomes das aldeias e vilas nacionais ou as suas embirrações de estimação. O escritor discorre sobretudo sobre a natureza idílica dos seus dias em Sintra, descrevendo, por exemplo, “o cio da ginja, da sardinha gorda, do pêssego-rosa, do melão com pico e da melancia de peso…”. E partilha as angústias causadas pelo “cabrão do cancro” que, nos últimos anos, montou cerco à sua mulher Maria João, e que, por estes dias, conta, está controlado mas exige vigilância a cada trimestre. “É uma ansiedade permanente.” As últimas páginas da nova compilação de crónicas Amores e Saudades de um Português Arreliado – que inclui inéditos e textos remexidos, e se junta à reedição da obra integral iniciada em 2013 na Porto Editora – são dedicadas a Maria João. MEC faz-lhe um pedido: “Tem-te nas palminhas.” E assume que o seu lema atual é aquele citado no livro, roubado ao brinde otimista de Dick Swibveller em The Old Curiosity Shop, de Charles Dickens: “Que este momento seja o pior das nossas vidas!”
Escreve neste Amores e Saudades de um Português Arreliado: “Gosto de conversar mas deixa-me sempre insatisfeito.” Porquê a insatisfação?
Conversar é deficiente. Dizemos: “As andorinhas estão todas agora no cio.” Mas só quando uma pessoa se senta e consegue colocar essa ideia em palavras, é que estas ficam. Guardam-se. Nós, seres humanos, somos bons a conversar mas falamos muito mal. Quando lemos uma entrevista que demos, o coração cai, fica-se chocado com a matéria bruta. Percebemos que a entrevista tem de ser escrita.
Escrever é o contrário de conversar, um longo monólogo?
É uma solidão. A outra pessoa pode interromper e ir-se embora. A conversação é uma arte perdida. As tertúlias em que as pessoas se juntavam para discutir ideias, para se zangarem, para ouvirem os argumentos umas das outras, hoje em dia, já só existem em contexto académico, em Inglaterra…
Hoje, faz-nos falta falar mais?
Não sei se nos faz falta. Uma pessoa não consegue chorar o que nunca conheceu. É uma tragédia dupla: não posso ter saudades do que não conheci. Sei que existiram, e que essas pessoas que conseguem ainda conversar têm pena daqueles que só sabem ler ou olhar para um ecrã – desfrutam de um prazer que nós não temos.
O Miguel é sobretudo um leitor?
Sim. Também é preciso ler as coisas em idades diferentes. Os livros que lemos, quando éramos mais novos, têm, depois, mais graça ou muito menos graça. Apanhamos grandes desilusões. O Beckett, estou sempre a reler. Agora, tento ler os escritos que ele produziu quando tinha, mais ou menos, a idade com que eu estou. Porque, aos 18 ou 19 anos, lemos tudo de forma diferente, à procura de maneiras de salvar o mundo. Depois, a gente aprende que estar com 20 anos, ou 30, ou 40, ou 60 anos, também é muito importante.
Aos 58 anos, o que é que procura em Beckett?
Agora noto no Beckett uma espécie de… Procuro o humor negro do envelhecimento e o espanto de ainda permanecerem sensações. De isso não ser tão mau como eu pensava quando era novo. Quando se é jovem, a ideia de que vamos todos morrer e, portanto, não se quer saber da vida não tem graça, mas é exibicionista. Depois, quando se começa a provar a velhice, percebe-se que esta não é assim tão definitiva nem tão simples como dizer “então, agora podemos morrer”. E que a vida espanta com certas ironias. Este café que tomei agora soube-me bem. Eu queria ser completamente deprimente e pessimista mas, hoje, o dia está bonito…
Ter uma depressão com um dia bonito é um desperdício.
Ao Beckett aconteceu-lhe, certa vez, estar sentado e ouvir: “Isto hoje não está nada mau, está um dia bonito.” E ele responde: “Eu não iria tão longe.” No Beckett, como em todos os grandes escritores, nota-se que, à medida que vão ficando mais crescidos e que envelhecem, tornam-se mais verdadeiros. Deixam de fazer pose, de tentar definir a forma de escrever, e começam a ficar mais transparentes. Quando esses autores já sabem que deixaram uma marca, passam a escrever os livros que queriam realmente escrever.
Está também a descrever-se a si próprio?
Não. Todas as pessoas, quando são novas, procuram aprender a escrever de maneira a serem lidas. “Quero ter um estilo meu.” A própria palavra “estilo” deixa-me desconfortável. Já não falava disto há 30 anos… Quando era novo, esse era o meu problema: “Como é que eu consigo encontrar um estilo e não escrever como o Beckett?” São obsessões que distraem muito da escrita. Agora, isso já não me interessa nada. O que me interessa é apanhar uma emoção, e tentar transformá-la em palavras de forma a que outra pessoa possa ler e reconhecer-se: “Ah, isto é isto mesmo.”
E está nesse patamar?
Não. Desde o princípio dos tempos, todas as épocas acreditam que estão a viver o ano definitivo. Na nossa vida, isso também acontece. Esta coisa ridícula de, aos 20 anos, dizermos: “Agora é que sabemos.” Graças a Deus, tudo isso vai mudando.
Saber menos é uma bênção?
Sim. Por exemplo, este senhor [dono do restaurante] vai à pesca da lapa para não o chatearem. Debaixo de água, não sabe de nada. Ignorance is bliss [“A ignorância é uma bênção”]. As pessoas estarem fechadas num sítio pequeno, isolarem-se e deixarem de ver televisão e ler jornais, como eu deixei, é cobardia mas é uma proteção. Uma pessoa informada do que acontece no mundo é uma pessoa triste. Acontecem coisas horrendas no mundo, com as crianças, a fome…
O triângulo Colares, Almoçageme, Praia das Maçãs é a sua bolha de proteção?
Sim. Aqui, as pessoas preocupam-se é se cairam pedras [das arribas], se choveu muito e se as hortas se estragaram… Também temos tragédias, mas aqui podemos ajudar, dar uma palavra, emprestar algo. Nas outras situações, não se pode fazer nada.
São ainda forasteiros ou sentem que já fazem parte deste mundo?
[Olha para Maria João] Já somos parte. Já somos colarengos. E é muito bom.
Como É Linda a Puta da Vida era um livro de catarses. Estas novas crónicas têm um tom mais pessimista. Porque é que é um “português arreliado”?
Estávamos a falar da passagem do tempo, do envelhecimento, da morte… A minha mãe está com imensas dores… Desde que viemos morar para cá, o senhor que cuidava da horta ali em baixo morreu… A passagem do tempo é algo bom: se este não passar, nunca conseguimos matar a sede, nunca conseguimos chegar ao fim de um livro, não chegamos aos sítios. Só que o tempo vai passando, e sentimos aflição perante o que devemos guardar. Pensamos: “Porque é que não consigo viver no here and now, estar aqui a 100 por cento? O que é que ganho em pensar naquele homenzinho da horta, naquele campo vazio?” Essa é a arrelia, o tempo que se perde a pensar “ah, mas isto dantes…” É um erro. É ocupar o presente. Também há aqueles que dizem: “Olhe, isto vai tudo abaixo, vou terraplanar tudo, fazer isto e aquilo…” São pessoas que também não estão no momento, vivem obcecadas com o que vai ser, com a sociedade futura, com o “agora vai deixar de haver pobres…”.
Mas porquê o pessimismo?
Dá muito trabalho estar no momento. “Deveria dar trabalho às pessoas das outras hortas?” Elas não estão a pensar nisso: estão a plantar as sementes para o inverno, porque é a altura de plantar as couves. O pessimismo é porque nós sabemos como tudo vai acabar. A história da vida acaba muito mal, e nós conhecemos o fim. Não temos suspense. Não há happy endings. Só fazemos merda. Só deixamos dor nas pessoas de quem gostámos e que ficam vivas.
As crónicas também são memórias. São a sua autobiografia?
Sim, mas memórias frescas, de coisas acabadas de ver. Ás vezes, de coisas que acabaram. Qualquer pessoa que escreve, está a escrever sobre si própria. Mas os seres humanos são muito parecidos uns com os outros: têm invejas, vontades, orgulhos, vaidades… A diferença é algo que nos envaidece. “Ah, sou muito diferente do meu pai.” Não somos muito diferentes dos pais. Portanto, a escrita tem sempre esse lado de autobiografia. E se as pessoas gostam do que nós escrevemos, é porque reconhecem esses sentimentos.
Acaba por ser terapia coletiva de quem lê e quem escreve?
Esse é um risco grande. Porque quando se cai no solipsismo, e eu caio muitas vezes, há esta leitura: “Eh pá, este gajo está sempre a falar dele próprio.” Isso é o som do fracasso.
Aborrece-o a ideia de o leitor ficar farto das suas crónicas?
Acontece quase sempre. É muito raro prender uma pessoa do princípio ao fim, com uma crónica. Alguém ler tudo e dizer “gostei” é um sonho.
Qual é a sensação de ler os seus textos antigos?
Leio-os quando tenho que os organizar em edições, ou reedições. Há coisas que me chocam. O tom arrogante, seguro, algo ditatorial, de decisão tomada, que é uma defesa da insegurança quando se é mais novo. “Isto é assim ou assado”, “não pode ser”, “descobri que”, “é imprescindível”… As certezas, as convicções, os princípios… Ter ideias fixas sobre tudo é muito cansativo.
O que limpou nestas crónicas?
Tudo o que me horrorizou. Cortei artigos inteiros, grandes nacos. Corto sem problemas, com alívio. É uma delícia censurar. Era tão bom se a pessoa pudesse editar a vida! Dizer assim: esta pessoa tscctsccc [gesto de tesoura], esta viagem tscc tscc. Poder ganhar três anos perdidos, ou os minutos gastos a ler livros que eram uma merda, ou a falar com pessoas que não interessam e que não estão interessadas em nós. Tenho 58 anos, mas, em tempo perdido, devo ter praí uns 25…
Confessou numa entrevista que, antes de conhecer a Maria João, estava sempre pouco à vontade, enredado no “trabalho de ser simpático, de divertir as pessoas”. Porquê?
A escrita tem algo de cativante, de show off. Mas, desde miúdo, via-se que eu era um show off do pior. Estava nos meus genes. Achava que era o maior, o mais engraçado, gostava de ter muitos amigos e que gostassem de mim. Ser popular era a coisa mais importante. Devia ser por sentir uma insegurança enorme.
Em adulto, à partida gostaram logo de si…
Também era um show off. E não foi logo à partida: deu muito trabalho. Havia muita concorrência, muita gente a escrever nos jornais, a tentar ter graça.
O que responde àqueles que se queixam: “Ah, o Miguel dos velhos tempos é que escrevia boas crónicas, fizeram parte da minha educação sentimental”?
Também fizeram parte da minha (risos). Esse Miguel já desapareceu. Não nos podemos suspender criogenicamente, com 25 anos, para divertir as pessoas. Como fizeram com o Lenine, lá em Moscovo. Ou como acontece com aqueles rockers antigos, vestidos com o mesmo blusão de cabedal que usavam quando tinham êxito… Essa é uma espécie de morte: está-se condenado a ser sempre da mesma maneira. As pessoas, quando crescem juntas, separam-se. Os amigos da escola primária não são os mesmos que temos agora.
Ainda sente a cobrança para ser um Miguel mais afiado e rebelde?
Ao tempo que isso não acontece… Já tenho saudades. Quando as pessoas me cobravam, era porque ainda tinham uma certa esperança. Agora desistiram. Aquele tempo já passou. E essas pessoas também mudaram.
Escreveu o primeiro romance aos 6 anos, inspirado nos livros Tom Sawyer e Huckleberry Finn, de Mark Twain. Em adulto, escreveu três: O Amor É Fodido (1994), A Vida Inteira (1995) e Cemitério de Raparigas (1996). O não ser reconhecido sobretudo como um grande romancista é pacífico ou há uma frustração a roe-lo?
Eu gostava de poder escrever sempre de tudo: peças de teatro, programas de rádio, contos… E acho que consigo escrever de tudo. Isso [de ser reconhecido sobretudo como romancista] nunca há-de acontecer. A invenção do romance é uma coisa muito bonita mas eu nunca desistiria das outras escritas. No fundo, como todos os escritores, gostava de arranjar maneira de juntar tudo.
Espanta-se por escrever tanto sobre os pêssegos-rosa, sobre Colares, o mar, os andorinhões? Ou fazer uma crónica diária implica, por vezes, trocar a qualidade pela quantidade?
Quando as crónicas saem mal, estão péssimas. Muitas saem mal, não têm qualidade nenhuma. Mas outras saem bem. Mas em relação a temas como Colares, o mar, os pêssegos, as cerejas, as andorinhas, tenho uma coisa militante – já não tenho pachorra para ouvir alguém elogiar um restaurante em Paris ou em Manhattan, ou dizer que se está maravilhosamente bem nas Ilhas Maurícias… Irritam-me. Temos jornais e revistas cheios de coisas caríssimas que não são acessíveis. Estamos a fugir para algo ultracomercializado. A ler jornalistas que vão para os hotéis e que viajam a convite de…: são experiências por procuração, nós não temos acesso a elas. Eu quero saber de coisas que todos possam comprar. As pessoas podem fazer troça: “Ah, ele escreve sobre torradas e balões.” Sim, sim! Escrevo sobre ovos mexidos e como se faz chá, e sobre a sardinha que vem desta costa, sobre coisas acessíveis que fazem parte do dia a dia.
É um ímpeto patriótico?
Não é patriótico. À medida que se enche papel com essas outras experiências inacessíveis, vai-se perdendo o tremoço, as azeitonas, o pão, as cebolas… As coisas mais baratas, as coisas partilhadas, é que são as mais interessantes. Por exemplo, a cebola é importantíssima: se esta não existisse, não tínhamos cozinha em Portugal. Alguém escreve, por exemplo, sobre as cebolas novas que são maravilhosas e custam 80 cêntimos o quilo? É um grande investimento.
É por isso que faz tantas referências aos preços?
É muito importante dizer quanto é que custam as coisas, porque as pessoas não têm dinheiro. Por exemplo, compra-se um quilo de chá e parece caro, mas cada [chávena de] chá sai a dez cêntimos. Não é recomendar um vinho que custa 50 ou 70 euros, quem é que pode comprar um vinho assim?! Trata-se de falar de coisas que estão ao nosso alcance. E há muitas. Por exemplo, o tremoço: é muito difícil encontrar um bom tremoço. Vêm todos da Austrália e assim. Os únicos tremoços bons que conheço são os da Portugália: fazem-lhes uma cura de três dias em água quente e são ótimos.
Também faz denúncias. Numa célebre crónica, chamou ladrões à FNAC…
Uma ladroíce. Pagava-se com o cartão [da FNAC] e depois cobravam uns juros altíssimos por um cartão que nunca usei. Eles mudaram de banco, agora o cartão é muito mais justo do que era.
Mas ganha amigos quando escreve elogios, por exemplo, ao apoio técnico prestado por uma empresa ou a determinados objetos de marca…
Esses textos são os mais aborrecidos de ler, mas é importante falar. São companhias com as quais nada tenho a ver nem tenho nenhuns descontos. Mas é muito bom uma pessoa ir à Staples e saber que é bem servida. Ou ir ao Celeiro comprar um óleo de fígado de bacalhau e lá explicarem-me que aquele não era bom… Esse tipo de atitudes são boas, raras e têm de ser elogiadas.
Os leitores acompanharam, dia a dia, o cancro da Maria João. Como olha agora para essa exposição?
Como escritor, não posso traçar uma linha sobre aquilo que escrevo e o que não escrevo. Não posso pensar: “Estarei a ir longe demais?” Eu quero expor-me o mais possível! Todos os escritores que admiro são os que se expõem. Ser escritor é expormo-nos. Uma pessoa tem de correr o risco de não ter graça, o risco de passar too much information [informação excessiva], ou informação íntima que não interessa absolutamente nada… Não há confissão excessiva. As pessoas podem sentir-se desconfortáveis com essa confissão, mas o dever do escritor é expor-se, expor-se, expor-se. E escrever também tem um lado de catarse e de desafio em que uma pessoa desaba à frente dos outros, desata aos gritos, a bater com os punhos de revolta, e não tem vergonha de o fazer.
MEC e a sua “princesa” Maria João tornaram-se um casal exemplar?
Isto não torna o casal exemplar. O que acontece é que muita gente tem, e teve, a experiência da doença. O que vêem nas crónicas é: “Já estive lá, senti isso, ou estou a passar por isto.” Não há aqui nada de exemplar ou de especial, é apenas identificação. Não há nenhuma coisa do casal exemplar. Se essa é a imagem que passou, está erradíssima. Pelo contrário, isto tem a ver com a banalidade do amor. Com a quantidade de casais, iguais a nós, que passaram pelas mesmas coisas. É uma irmandade, não há exemplaridade nem concorrência no mundo do amor. Escrever sobre isso é dizer: “Olha, o nosso amor também existe, a doença também existe, é assim.”
Teve dois graves problemas de saúde nos últimos anos. A visibilidade da doença da Maria João inibiu-o de se queixar?
Sim, antes dela ficar doente eu estive à beira da morte por duas vezes: tive uma hepatite alcoólica e uma infeção MRSA. A Maria João tratou de mim, salvou-me. Mas como ela não escreve, as pessoas não se apercebem de que ela foi uma heroína.
Maio MEC
“Amores e Saudades de um Português Arreliado” vai ter um mês de lançamentos, promete a Porto Editora. Estão agendadas conversas (a decorrer na loja A Vida Portuguesa, de Catarina Portas, no Intendente) com Maria de Lourdes Modesto (sobre cozinha portuguesa), e com o vice-primeiro-ministro Paulo Portas (sobre o jornal O Independente, que ambos fundaram, em 1988), além de várias apresentações públicas, e ainda sessões de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa (entre 29 de maio e 15 de junho) e do Porto (5 a 21 de setembro).
Sobre o rencontro com Paulo Portas, diz MEC: “Temos um acordo mais ou menos tácito: não falamos quando ele está na politica. Agora, vai ser a primeira vez.”
Assumindo a amizade pelo antigo companheiro de jornal, um “ótimo político” – mas diz não saber se atualmente está “no bom ou no mau caminho” porque, afiança, “não acompanho a política portuguesa”… – o escritor recorda tempos passados: “Fazer um jornal com outra pessoa é difícil; mais do que uma vez, eu faltei e ele esteve lá. Somos amigos distantes e verdadeiros, com muita cerimónia. Respeitamo-nos muito um ao outro. Nunca me traiu.”