O excelente filme do dinamarquês Nicolas Winding Refn, tem como protagonistas, duas jovens vedetas em ascensão: Ryan Gosling (‘Nos Idos de Março’) no papel de um ‘duplo’ de um estúdio que produz filmes de série B; e a britânica Carey Mulligan (‘Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme’) que interpreta uma mãe afável e empregada de mesa de drive in. O filme logo de início faz lembrar, até pelas semelhanças do título, um outro grande filme de ação e duplos: ‘O Profissional’, de Walter Hill, no original com o título de ‘Driver, e protagonizado por Bruce Dern. Gosling usa um palito ao canto da boca, veste um blusão prateado com um escorpião nas costas e representa o modelo do herói (mesmo sendo um marginal) que se move unicamente pela ação. Ele fala pouco e todo o seu comportamento oscila entre uma perturbante angústia e uma estranha serenidade, como os personagens interpretados por um ‘herói que fazia aquilo que precisava de ser feito’: Steve McQueen. A história centra-se num duplo (Ryan Gosling) que faz ‘biscaites’ na indústria e que muda de vida (e de rosto) ao cair da noite. O filme começa num quarto de hotel com o ‘driver’ a impôr as suas condições para um trabalho difícil: um assalto. Depois vem a alucinação da noite de Los Angeles, uma viatura em alta velocidade e as vibrações da música electrónica de Cliff Martinez. No rádio para marcar o ritmo da fuga, o relato de uma final de basquete. As coisas correm mal e soa a traição. Segue-se a vingança e uma espiral de violência sangrenta que culmina num inevitável sacrifício. No meio disto tudo, o amor por uma mulher comprometida (Carey Muligan) e a solidão na grande cidade. ‘Risco Duplo’ é por isso um filme com múltiplas referências no universo hollywoodiano e no género de ação, com tudo aquilo que há de excitante para o espectador, para os aficionados do risco e das grandes perseguições a alta velocidade. E não há mal nenhum nisso, já que este filme de Winding Refn, além de uma natural força dramática é ainda uma espécie de apologia do ‘herói americano’, (com o palito na boca), que o cinema imortalizou no western. ‘Risco Duplo’ sem ser uma obra-prima de excelência é filme revivalista que toca as nossas memórias da série B, que corre o risco também de se tornar um filme de culto. Isto porque no melhor dos propósitos tem a mesma adrenalina visual de ‘Colateral’ ou ‘Heat’- Cidade sob Pressão, de Michael Mann.
RISCO DUPLO (DRIVE)

O novo filme do jovem dinamarquês Nicolas Winding Refn ('Valhalla Rising - Destino de Sangue'), interpretado por Ryan Gosling e Carey Muligan é uma grande obra de inspiração nos filmes de série B californianos. Quase apostava que não só vai agradar aos espectadores, como vai rapidamente se tornar um filme de culto para os aficionados dos filmes de risco e ação.