A Polícia Judiciária apanhou João G. de surpresa. O homem, de 31 anos, residente na Mealhada, nem sequer desconfiava que estava ser investigado. Vivia tranquilamente com a namorada e o filho menor; teria intenções de casar daqui a um ano. A operação da diretoria do Centro da PJ – com sede em Coimbra – deixou familiares e amigos chocados.
João G. é suspeito da prática de dois crimes de violação – as alegadas vítimas são duas mulheres com 24 e 31 anos. A VISÃO sabe que há mais duas mulheres que dizem ter sido violadas pelo suspeito. A PJ continua a investigar e não descarta a possibilidade de haver mais casos.
Sabe-se, para já, que João G. terá utilizado as redes sociais para se aproximar das vítimas. Os crimes terão ocorrido em Coimbra, a 25 quilómetros de distância. De acordo com o comunicado da PJ, o arguido “fez-se passar por professor universitário e fotógrafo profissional, nas redes sociais, atraindo as vítimas para encontros e, com recurso à força física, sujeitou-as a atos sexuais de relevo”. Os ataques terão sido gravados em vídeo pelo alegado agressor.
Um vida ligada ao futebol
João G. nasceu na Mealhada, no seio de uma família com ligações ao futebol. O seu pai é figura destacada no universo desportivo local – foi treinador de várias equipas. “É uma família muito bem integrada socialmente, muito respeitada”, diz uma fonte ouvida pela VISÃO. “Esta notícia [das suspeitas de violação] é um choque para todos eles”, diz a mesma fonte.
João G. começou a dar os primeiros toques na bola no clube da terra, mas passou por vários outros emblemas. Como sénior, representou clubes do distrito de Aveiro e Coimbra. Vestiu a camisola de Febres, Académica B, Sepins e Marialvas. Na reta final do percurso futebolístico regressou a “casa”. Representou o Mealhada e o SC Carqueijo (equipa do mesmo concelho), que disputam os campeonatos distritais de Aveiro. Ao mesmo tempo, foi treinador das camadas de formação do Mealhada, até 2020. Deixou o futebol no final da época passada, sem nunca ter chegado a profissional.
Hoje, com 31 anos, trabalha numa empresa de artes gráficas, apurou a VISÃO.
A PJ informou que depois de ter sido detido, João G. “foi presente a primeiro interrogatório judicial, tendo ficado sujeito a apresentações diárias e à proibição de contacto com as vítimas”. O processo prossegue.