Recuemos oito anos para encontrar Pedro Lopes no final do secundário, irritado com os seus cadernos de matemática preenchidos a lápis e rasurados até ao infinito. Depois, vemo-lo a mudar para a esferográfica, sem os resultados que queria, porque enganava-se demasiadas vezes nos exercícios.
Regressemos a 2021, para descobrir o mesmo Pedro Lopes enquanto CEO da empresa Infinite Book, que produz cadernos reutilizáveis até à exaustão que chegam ao top de vendas da Amazon e da Fnac.
Pelo meio, este empreendedor chegou a estudar engenharia, mas o que lhe dá de comer é esta start up que criou quando percebeu que o segredo para a sua frustração com lápis e canetas estava naqueles quadros brancos em que se escreve com marcadores.
Passou a ter um no seu quarto, além de escrevinhar as janelas todas. Mas, nada disso solucionava a questão da portabilidade – não dava para andar de quadro branco debaixo do braço para todo o lado. Foi então que lançou um protótipo do que viria a ser a Infinite Book. E depois, com recurso a uma plataforma de crowdfunding, conseguiu materializá-lo numa empresa.
“No início, isto surgiu da minha necessidade, só mais tarde veio a vantagem ecológica”, realça Pedro Lopes. A ecologia, sublinha, deve ser obrigatória em qualquer empresa. A ecologia e algum propósito, já agora. Primeiro lançou um caderno de caligrafia para crianças, em que elas podem treinar a mão sem gastar papel. E agora, está a sair o InfinitaMente com exercícios para estimular funções cognitivas como a orientação, a atenção, a memória, a linguagem e outras funções, para preservar e promover a saúde cerebral. Uma ideia que nasceu em pandemia e que demorou um ano a desenvolver.
“Após um AVC surgem défices cognitivos e motores que afetam a independência do doente no desempenho das atividades de vida diária e, no retomar das atividades pessoais, profissionais e sociais, anteriormente desempenhadas. Nestas situações clínicas podemos observar e avaliar alterações da capacidade de atenção, linguagem, funções executivas e memória. Neste sentido, o treino cognitivo e a estimulação cognitiva são duas abordagens fundamentais que devem ocorrer o mais precocemente possível. Embora já existam bastantes programas e softwares dirigidos ao treino cognitivo, os exercícios de papel e lápis continuam a ser um instrumento essencial” explica Cláudia Sousa, psicóloga da área da neuropsicologia que, em conjunto com a também psicóloga Telma Miranda, ambas do Centro Hospitalar Universitário São João, no Porto, e a Infinitebook, desenvolveram este novo caderno.
No entanto, os cem exercícios que constam no livro (com várias soluções para poderem ser repetidos pela mesma pessoa) também servem a quem não tenha qualquer patologia do foro neurológico, porque a plasticidade do cérebro deve estar sempre a ser trabalhada.
O InfinitaMente custa 24,90€ e vem com quatro marcadores de cores diferentes de ponta fina.
Além disso, para ajudar os problemas agravados com a pandemia na população mais velha, a empresa compromete-se, até ao final do ano, a oferecer cem unidades a IPSS que cumpram certos critérios e se candidatem para o efeito.