Está nas bancas o primeiro produto da VISÃO escrito em inglês. Chama-se This is Portugal e é destinada aos 20 milhões de turistas que todos os anos visitam o nosso país. Um processo de produção mais complexo do que o habitual, feito em parceria com a portuguesa Unbabel, uma empresa tecnológica que procurar quebrar as barreiras linguisticas e permitir às empresas comunicarem com os seus clientes na língua nativa. Os textos foram escritos em português e traduzidos para inglês, através da plataforma criada pela startup, que alia a inteligência artificial a uma comunidade de editores bilingues que revê as traduções e se certifica da sua qualidade.
Chegados à Unbabel, os artigos escritos pela equipa da VISÃO passaram por um processo de análise, que tem como objetivo identificar alguns termos específicos que seriam mais difíceis de traduzir (como locais e monumentos, cafés e restaurantes…), e criar um glossário para facilitar a tradução que é feita através de inteligência artificial (IA). Por exemplo: se o interface se deparar com a expressão “baixa altitude”, terá como referência a palavra “baixa”, traduzindo-a da mesma forma quando esta surgir inserida numa frase como “Baixa-Chiado”, ou, se não houver contexto, o mesmo interface poderá traduzir Trás-os-Montes para “Behind the Hills”. Feito o glossário – foram 2000 termos e palavras, quando o habitual são cerca de 200 ou 300 –, este foi introduzido na plataforma informática, para que o resultado fosse fiel ao original. E como é que a máquina começa a ter o contexto? Por treino, vai aprendendo. Ao fim de várias traduções, já não vai, por exemplo, traduzir Trás-os-Montes por Behind the Hills.

This is Portugal A revista de 156 páginas já está nas bancas pelo preço de €5,90
Os artigos da This is Portugal foram separados em vários blocos de texto e enviados para os editores para ser revista a tradução feita pela máquina e corrigidos os eventuais erros. Depois, reuniram-se novamente todos os blocos de texto, já traduzidos, para serem ainda analisados por um editor sénior que leu o resultado final para ter a certeza que tudo faz sentido.
Os textos enviados foram traduzidos no próprio dia, ou no dia seguinte, por nativos de língua inglesa. Fundada em 2013, por cinco amigos, a Unbabel tem hoje três escritórios em Lisboa e outros tantos em São Francisco, Nova Iorque e Londres. A startup utiliza uma plataforma de tecnologia própria, que combina processamento de linguagem natural, Neural Machine-Translation, algoritmos de estimativa de qualidade e cerca de 100 mil editores espalhados pelo mundo.
A utilização da IA não dispensa, porém, a mão humana. “Estamos longe da tradução automática. Ainda há muitos pormenores que as máquinas não percebem. A semântica é complexa e elas não conseguem, por exemplo, captar a ironia”, diz Hugo Silva, um dos fundadores. Vasco Pedro, CEO, acrescenta: “A Inteligência Artificial ainda não tem capacidade suficiente para garantir uma tradução de qualidade. E contratar seres humanos ou tradutores é muito caro e difícil de escalar. Por isso, o que nós fazemos na Unbabel é, na prática, juntar os melhor desses dois mundos: as máquinas que fazem o trabalho inicial, e a nossa comunidade de editores que revê as traduções feitas por inteligência artificial garantindo dessa forma uma qualidade de tradução profissional.”