Vieira da Silva já tinha dito que estava há três meses “à espera da demissão” de um dirigente da Segurança Social que em 2013 garantiu que não ficaria “nem mais um dia” na função quando o Governo fosse liderado pelo PS.
Rui Barreira, atual diretor distrital da Segurança Social de Braga, é a pessoa a quem o ministro se referiu na Comissão de Orçamento e Finanças e é também sobre ele que recaem agora acusações de estar a beneficiar Instituições Particulares de Segurança Social (IPSS) onde tem participado em atividades de cariz partidário. As suspeitas foram levantadas pelo PCP, numa pergunta enviada ao Ministério do Trabalho e Segurança Social e têm agora uma resposta de Vieira da Silva: “O Conselho Diretivo do Instituto de Segurança Social, em reunião no dia 24 de Fevereiro de 2016, deliberou abrir um processo de inquérito com base nos factos relatados”, lê-se na missiva enviada ao Parlamento.
Na pergunta, a que a VISÃO teve acesso, os comunistas questionam o ministério sobre que instituições solicitaram acordos de cooperação àquele centro distrital, quantos foram aprovados, quantos foram rejeitados e quais os critérios. Também o Bloco de Esquerda já veio em comunicado pedir a demissão de Rui Barreira, considerando que, em Braga, “foram entregues serviços a privados, afastaram-se trabalhadores essenciais para o funcionamento dos serviços e aumentou a pobreza”. Para os bloquistas, o diretor distrital “não tem condições para se manter em funções e para liderar uma mudança que urge naquelas políticas”.
Rui Barreira tem estado no centro da polémica desde que, em 2013, na Revista SIM, afirmou que a função que desempenhava tinha que ser exercida por alguém “com a mesma orientação política” que o Governo em funções, na altura PSD/CDS. O diretor distrital da Segurança Social em Braga foi até mais longe, ao contar que “em 2005, quando o PS foi para o governo” e lhe pediram para ficar mais alguns dias até ser substituído, terá então transmitido “que não ficaria nem mais um dia, porque não fazia sentido, já que não acreditava na política que iria ser implementada”.
Agora, o Bloco de Esquerda garante que o ministro “Vieira da Silva tem, em sua posse, um memorando de várias dezenas de páginas, elaborado por um grupo de trabalhadores da Segurança Social de Braga, onde é enunciado um extenso rol de irregularidades que põe em causa a missão de serviço público daquela entidade”.