Já estamos fartos de saber que em Portugal se consome sal a mais. Disputamos os lugares cimeiros, a nível mundial. Pena é que esta não seja uma boa notícia. Está mais do que provada a relação entre este condimento e problemas como a hipertensão (uma das principais causas de morte) ou o cancro do estômago. Apesar de conscientes desta ligação, os portugueses continuam a consumi-lo em excesso, mesmo quando se trata de pessoas com risco acrescido, como os hipertensos. A conclusão é de um inquérito conduzido pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH), a um grupo de doentes do Hospital de Aveiro. “As pessoas não baixam o teor de sal porque consideram que consomem corretamente”, revela o presidente da SPH José Mesquita Bastos. Praticamente todas as pessoas afirmaram ter uma alimentação correta e todos sabem o mal que o sal faz. Só que as análises mostraram uma realidade bem diferente. Em média, o consumo é o dobro do recomendado, ou seja quase 10 g por dia, quando não deveria ultrapassar os 5,5 g por dia (nas crianças não deveria ultrapassar 1 g). “Não mais do que uma colher de chá, para os adultos”, concretiza o cardiologista. “Chegamos a ter 24 gramas por dia”, continua.
O grande problema é o dito sal escondido, em produtos como a maionese e ainda a quantidade que se acrescenta à comida, enquanto cozinhamos. “Devia usar-se uma colher, para se ter noção do que se está a acrescentar,” recomenda. Na China, todos os restaurantes são obrigados a confecionar as refeições tendo por base a medida certa. E só com esta iniciativa, governamental, conseguiu-se chegar baixar o consumo até aos níveis desejáveis.
Em Inglaterra, a estratégia passou sobretudo pelos produtores de alimentos, com uma forte pressão das organizações de médicos. “Uma pizza de supermercado tem 5 gramas de sal. A dose diária.”
O palato demora 22 dias a habituar-se à mudança, mas se a diminuição for gradual os consumidores nem sequer se apercebem.
Os resultados do inquérito serão apresentados amanhã, 27 de novembro, no Fórum do Sal, na Assembleia da República.