No Chile em 1988, perante a crescente pressão internacional o ditador Pinochet, foi obrigado a sujeitar-se a um referendo, a uma ano de novas eleições presidenciais. Se o ‘Sim’ fosse mais votado, Pinochet, o ditador, governava por mais 8 anos, continuando o período de ditadura, decorrente da morte de Salvador Allende, no Verão de 1973. Com o ‘Não’, o ditador governava por mais um ano e não se recandidatava; realizar-se-iam eleições presidenciais e legislativas.
Foi o que aconteceu. Pablo Larraín – que se afirmou como uma dos mais interessantes Realizadores contemporâneos -, relembra e recria no seu filme este momento decisivo da história do seu país, visto pelos olhos de René (Gael García Bernal). Este jovem criativo dirigiu a campanha publicitária visando o triunfo da abertura democrática que derrubou o governo ditatorial e assassino de Augusto Pinochet.
Terá sido a derrota da ditadura ? Um análise mais distanciada no tempo, permite concluir que a Pinochet saiu bem, entregou o poder em 1989 ao democrata-cristão Patrício Ailwin, candidato da ‘Concertación’. Os mais conservadores viram Pinichet como o presidente que livrara o Chile da ‘ditadura comunista’, assim como deixava o poder quando o povo votou ‘Não’ no referendo.
A ditadura chilena sai também ‘vencedora’ pois Pinochet deixa o governo sem deixar o poder: Pinochet comandou o exército desde antes do golpe de Estado que derrubou Allende em 1973 – nomeado por Allende, além de golpista e assassino foi também Traidor -, só deixou a chefia do exército em 1998 para assumir o cardo de senador vitalício, cargo que a Constituição reservava aos ex-presidentes, sem relevância para o facto de terem sido eleitos democraticamente ou não.
Este facto explica-se pela Constituição (em vigor até hoje) ser a de 1980. O cargo de senador vitalício foi extinto em 2006; o Chile, contudo enferma da seguinte contradição: um governo democrático sob uma constituição escrita durante um regime ditatorial e autoritário.
Pablo Larrain no seu filme, tem imensa piada e a coragem de ridicularizar o Peso da História. Expôe os aspectos mais abusrdos ‘desta’.