Primeiro chegou, em 2015, o “The Age of Earthquakes: A Guide to the Extreme Present” e causou espanto. Era um livro claramente diferente, assumido como um novo tipo de novela gráfica que se propunha a pensar de forma provocadora os dias de hoje, a loucura das redes sociais, a vertigem dos novas formas de comunicar e como isso estava a mudar o nosso mundo.
Tudo isto embrulhado de uma forma original – impactante e essencialmente visual. As ideias são apresentadas de forma curta e incisiva, numa combinação bem pensada entre imagem, design e texto minimal.

Os autores e as suas “bagagens” curriculares mostram bem esta componente múltipla da obra: Douglas Coupland é designer, Hans Ulrich Obrist é curador, crítico e historiador de arte e Shumon Bazar é escritor e editor. E é nesta polivalência que se complementam, chamando a participar dezenas de artistas e fotógrafos com imagens ou obras.
O sucesso foi tanto que os três lançaram, em 2021, novo livro com a mesma filosofia e linguagem gráfica: “The Extreme Self”. Mais uma proposta divertida, perturbadora, inquietante, original. Aqui os três focam-se sobretudo o fenómeno dos extremismos, nos pontos em que eles se tocam com a política, a identidade, o ódio, a sanidade mental, a (in)felicidade, as bolhas.
Numa coisa, os dois livros confluem: nesta era dos terramotos e dos extremos, a realidade é um conceito em risco e os sentimentos obliteram os factos. Com todos os riscos que isso acarreta até para a salvaguarda das democracias liberais.
“The Age of Earthquakes: A Guide to the Extreme Present”, 256 págs, €18
“The Extreme Self”, 256 págs, €15