A Conservação da Natureza (CN) em Portugal é sinónimo de proibição. Ao fim de décadas, o conceito e a prática de CN são tão retrógrados e arcaicos que nos afastam da Natureza e de tudo o que esta tem de bom para nos oferecer. Estranhamente, a Natureza por cá não é uma mais-valia, é uma limitação. Em Portugal não é bom viver num Parque Natural, os constrangimentos são tantos que fazem com que os portugueses estejam de costas voltadas para tudo o que tem a ver com a Natureza. Todos tememos que haja um valor natural que nos impeça tudo e mais alguma coisa.
Com um património natural ímpar na Europa, o País desperdiça, individual e coletivamente, o enorme valor deste capital natural. O Estado, acompanhado de uma ação ecologista muito limitada e ideologicamente amarrada a preconceitos, com grande carência de meios, não consegue promover uma Natureza viva e vivida. “Viva”, como um ecossistema são e equilibrado; “vivida”, porque usufruída. Isto é, qualquer coisa como um rio onde se possa nadar e pescar e uma floresta ou montanha onde se possa passear, caminhar, acampar ou viver. É por isto, e algo mais, que qualquer cidadão ou promotor de bem foge do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, como o diabo da cruz. Muito raramente saímos da prática do “proibir para não estragar”. Segundo a cultura vigente, a Natureza é para ser conservada de forma quase intocável, mantida quase num despovoamento total, ser vista ao longe ou num qualquer ecrã. É urgente inverter esta situação, a expressão “conservação” tem de ir muito além do proibido, tem de proteger, valorizar, diversificar, promover, etc.