Depois de Aveiro e antes de Ponta Delgada, em 2025, Braga é a Capital Portuguesa da Cultura com uma programação que aposta no cruzamento da criação artística nacional e internacional, com destaque no que se faz na própria cidade minhota.
Com o Theatro Circo e o gnration (antigo quartel da GNR) como palcos principais, a programação – que começou a ser desenhada em 2018, quando Braga preparava a candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027 (cuja escolha recaiu em Évora) – atravessará muitos outros espaços.
Logo na abertura, neste sábado, 25, se antecipa a multidisciplinaridade do programa, que vai sendo divulgado a cada trimestre e é coordenado pela gestora cultural Joana Meneses Fernandes. Na cerimónia de abertura no Theatro Circo (11h), conduzida pela atriz Margarida Vila-Nova, o espetáculo Quimera junta os coreógrafos Filipa Francisco e Deeogo Oliveira, a dramaturga Regina Guimarães e o encenador John Romão numa “experiência hipnótica que combina grupos folclóricos bracarenses com breakdance.”

No mesmo dia, estreia uma das encomendas da Braga 25, que junta as vozes do Grupo de Cantares de Mulheres do Minho às de jovens alunos do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga (17h, no Auditório Adelina Caravana) na primeira criação do Clube Raiz, projeto que há de promover a música tradicional da região. Às 18h30, no órgão de tubos da Basílica dos Congregados (datado de 1815), será a vez da compositora canadiana Kara-Lis Coverdale fundir a música eletrónica com o sagrado em Pipe Poetics, numa viagem “que exige introspeção”. O dia encerra na Avenida Central (21h) com a atuação de Mariza, Dino d’Santiago e Iolanda, ao lado de músicos de Braga, numa criação do encenador John Romão intitulada Abre a Tua Porta.
Dos vídeos de Kim Gordon à arte nos quiosques
A primeira exposição de Kim Gordon (ex-Sonic Youth) em Portugal abriu as hostilidades no campo das artes plásticas. Nas salas e no pátio do gnration, Object of Projection mostra, até 5 abril, oito instalações performáticas em vídeo, numa retrospetiva da última década em que a artista norte-americana explora a arquitetura, o corpo e a desconstrução da sacralidade hierática dos objetos.

A 4 de fevereiro, junto à padaria Amor & Farinha, a obra da fotógrafa Fátima Roque abre o ciclo Fotógrafas Experimentais dedicado a diferentes artistas, à qual se seguirá a brasileira Beth Lee (a 11 de março). Sob o tema Natureza, o Mosteiro de Tibães será, desta vez, o palco do festival de ilustração Braga em Risco (15 a 28 março), cruzando o desenho com histórias, contos e lendas.
A 29 de março, o projeto Contra-Quiosque transforma cinco quiosques ao abandono em galerias de arte, com obras de Maria Trabulo, Emilia Rigová, Hilda de Paulo, Marta Machado e Miguel Teodoro, resultantes de investigações artísticas “sobre coleções privadas ou arquivos de comunidades menos representativas de Braga, desvendando novas histórias e representações da cidade”.
Mário Laginha, Kathryn Joseph e Tiago Rodrigues
De 29 de janeiro a 1 de fevereiro, o festival Square leva a pop, a eletrónica, o folk e o rock de 50 artistas do mundo – como Asmâa Hamzaoui & Bnat Timbouktou (Marrocos), EMMVR (Cabo Verde), Fidju Kitxora (Cabo Verde/Portugal), Liliane Chlela (Líbano/Canadá), Maria Reis (Portugal), ou Mynda Guevara (Portugal) – tanto a Braga como a Barcelos, Vila Nova de Famalicão e Guimarães.

O concerto Liberdade 25, de Sérgio Godinho, sobe ao palco do Theatro Circo (31 de janeiro); e, no ano do centenário de Carlos Paredes, o mestre da guitarra portuguesa será homenageado em dois concertos: um com Norberto Lobo e o guitarrista norte-americano Ben Chasny (14 fev, gnration), outro a partir de uma encomenda feita ao pianista Mário Laginha (21 fev, Theatro Circo).
Uma banda sonora para o filme mudo alemão Faust, de F.W. Murnau (1926), pela compositora escocesa Kathryn Joseph (15 mar, Theatro Circo) e a apresentação do novo disco da cantora inglesa Keeley Forsyth, The Holloe (29 mar, Theatro Circo), são outras estreias.

Nas artes de palco, os destaques vão para a nova peça de teatro de Tiago Rodrigues No Yogurt for the Dead / Os Mortos Não Comem Iogurtes (27-28 fev, Theatro Circo); a performance que junta, pela primeira vez, a coreógrafa Vera Mantero à trompetista Susana Santos Silva (9 fev, no gnration); e o espetáculo Quando Eu Morrer, Vou Fazer Filmes no Inferno!, do ator e encenador Mário Coelho (15 fev, Theatro Circo).
Visitas guiadas (nomeadamente ao novo Arquivo Municipal), oficinas gastronómicas, leituras encenadas, e instalações artísticas sonoras nos autocarros dos Transportes Urbanos de Braga também fazem parte do programa.
Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura 2025 > programa completo aqui