1. 31 Mulheres. Uma Exposição de Peggy Guggenheim, no MAC/CCB
Estas artistas ligadas ao surrealismo e à arte abstrata remetem para a exposição organizada pela célebre colecionadora na sua galeria nova-iorquina em 1943: um momento disruptivo, concebido com Marcel Duchamp, que apresentou apenas obras de artistas mulheres europeias e americanas – autonomizando-as, assim, da sombra dos homens que dominavam os movimentos pictóricos. E que é, agora, ressuscitado. MAC/CCB, Lisboa > 27 fev-15 jun
2. Transe, no MAAT
Primeira retrospetiva dedicada a Rui Moreira, terá patentes mais de 100 desenhos e pinturas de médio e grande formato no espaço da antiga Central Tejo. Curada por João Pinharanda, a mostra inclui desenho, fotografia e escultura, guiados pelos temas da espiritualidade e da magia, e pela recriação de mitologias celtas, africanas, eslavas, japonesas… Esta é a primeira vez que o artista (nascido em 1971) mostrará em ambiente museológico a sua obra, caracterizada pelo virtuosismo do traço, a atenção ao detalhe e a tensão entre ficção e realidade. MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, Lisboa > fevereiro
3. Jeff Wall, no MAAT
Ocupando todo o espaço expositivo do MAAT, o fotógrafo canadiano é a estrela da sua programação. Nome maior das artes visuais, o artista nascido em 1946 privilegia as fotografias de grande formato, com narrativas visuais enigmáticas encenadas em cenários quotidianos. Aqui, terá uma das mais abrangentes e extensas mostras do trabalho produzido nas últimas quatro décadas: 69 obras das 200 por si criadas, que exploram as linguagens estética e conceptual do cinema, da pintura e do teatro. MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, Lisboa > abril
4. Paula Rego e Adriana Varejão. Entre os Vossos Dentes, no Centro de Arte Moderna Gulbenkian
Destas artistas com linguagens pictóricas fortíssimas, mostram-se 80 obras dedicadas ao tema da violência. Refere a Fundação Gulbenkian que “o ponto de partida é a pintura A Primeira Missa no Brasil, de Paula Rego, uma obra realizada em 1993, raramente exibida”. A curadoria de Adriana Varejão, Helena de Freitas e Victor Gorgulho reinterpreta “as dinâmicas de poder de duas gerações, com especial incidência sobre a história das mulheres em geografias diferentes, abrindo um vasto arco temático de reflexão sobre o presente”. Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa > 11 abr-15 set
5. Zanele Muholi, no Museu de Serralves
Sob o mote Janelas para o Mundo, uma das apostas de Serralves é a grande exposição, criada em colaboração com a Tate Modern de Londres, dedicada à fotógrafa sul-africana. Definindo-se como “ativista visual”, Zanele Muholi traz esculturas e os seus autorretratos realizados num preto e branco implacável em que, com a ajuda de objetos quotidianos (pentes, escovas da loiça, arames…), reinventa os códigos do género e denuncia o eurocentrismo, o racismo, os desafios da comunidade LGBTQIA+. Fundação de Serralves, Porto > abril
6. Miriam Cahn, no MAAT
2025 será pródigo em estreias internacionais em Portugal, como a da artista suíça que, na exposição curada por João Pinharanda e Sérgio Mah, revela obras recentes, centradas na pintura e no desenho. Herdeira dos movimentos feministas dos anos 1970 e 1980, Cahn tem uma produção fantasmática, colorida, povoada de corpos etéreos apenas na aparência. A sua obra questiona eventos traumáticos como a guerra no Golfo Pérsico, o 11 de Setembro ou a violência em torno do género, do desejo, do corpo – a beleza e a brutalidade da experiência humana. MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, Lisboa > junho
7. Maurizio Cattelan, no Museu de Serralves
O artista italiano fez manchetes no ano passado com Comedian, a banana presa à parede com fita-cola que foi vendida em leilão por cerca de seis milhões de euros (e comida pelo seu comprador…). O diretor do Museu de Serralves, Philippe Vergne, definiu-a como “uma das peças mais importantes dos últimos anos”. Os visitantes poderão tirar as suas conclusões: a obra controversa de Cattelan vai estar exposta, com outras peças representativas da sua veia satírica, como La Nona Ora, representação realista do Papa João Paulo II atirado ao chão por um meteorito, ou Daddy, Daddy, um Pinóquio afogado… Fundação de Serralves, Porto > jun 2025 – jan 2026
8. Anne Imhof, no Museu de Serralves
Nascida em 1978, vencedora do Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2017 com a performance Fausto, a artista alemã apresentará obras proeminentes e peças inéditas concebidas para Serralves. Anne Imhof começou por desenhar e compor música quando trabalhava como porteira de um bar, antes de entrar para Belas-Artes, e dos seus trabalhos emana essa qualidade visceral. Fundação de Serralves, Porto > outubro
9. Carlos Bunga. Habitar a Contradição, no Centro de Arte Moderna Gulbenkian
Partindo do desenho A Minha Primeira Casa Era Uma Mulher, de 1975, que representa a sua mãe, o artista português revelará, anuncia-se, uma das suas exposições mais complexas e pessoais. Na Nave do CAM, usando a sua técnica habitual de materiais efémeros e quotidianos, Carlos Bunga apresentará uma ampla instalação de cartão site-specific, que pretende evocar as formas orgânicas do mundo natural, juntando-lhe trabalhos anteriores, objetos pessoais, materiais de arquivo. Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Lisboa > 31 out-30 mar
10. Filipa César, no Museu de Serralves
Tardava a primeira grande antologia desta artista multidisciplinar, que tem produzido uma reflexão crítica sobre as representações do colonialismo e da ditadura, através de narrativas visuais que reinventam o conceito de arquivo histórico. Oportunidade para contemplar uma obra diluidora das fronteiras entre documentário, cinema, denúncia. Fundação de Serralves, Porto > out 2025 – abr 2026
Novos museus
É no renovado Palácio dos Condes da Ribeira Grande, localizado na Rua da Junqueira, em Lisboa, que inaugura, a 22 de março, o MACAM Hotel: isto é, o Museu de Arte Contemporânea Armando Martins fundido com um hotel de cinco estrelas. Iniciada em 1974, a coleção conta com mais de 600 obras, e inclui arte moderna portuguesa das vanguardas do século XX até 1980 (incluindo peças de Paula Rego, Vieira da Silva, Amadeo ou Almada) e arte contemporânea nacional e internacional criada desde 1980, de mais de 280 artistas (Olafur Eliasson, Vik Muniz, Marina Abramovic…). Há ainda uma ala contemporânea dedicada a exposições temporárias, neste museu híbrido dirigido pela curadora Adelaide Ginga, que explora novas relações com a arte.
Outro museu muito aguardado é o Pavilhão Azul – Coleção Julião Sarmento, que falhou a inauguração prevista a 4 de novembro passado devido a atrasos nas obras do edifício da Avenida da Índia, com projeto assinado por João Carrilho da Graça. O centro cultural assente na coleção privada iniciada em 1967 pelo artista plástico, desaparecido em 2021, disponibiliza 1 261 obras de Warhol, Duchamp, Beuys, Cindy Sherman, Nan Goldin, Batarda, Rui Chafes… e merece ser inaugurado sem mais demoras. 2025 é também a data prometida para a reabertura do Museu Nacional de Arqueologia, situado no Mosteiro dos Jerónimos, após a “requalificação integral” de €24,5 milhões, destinada a valorizar os vastos tesouros nacionais… até agora escondidos nas reservas.