Nascido em 1995, em Seia, numa pequena cidade no sopé da Serra da Estrela, o festival de cinema ambiental mais antigo do mundo chega à 30ª edição. Desta quinta, 10, até ao dia 18, com a Casa Municipal da Cultura como ponto central, o CineEco exibe 64 obras cinematográficas (entre documentários e ficção, curtas e longas-metragens) oriundas de 27 países, selecionadas a partir de 1500 filmes submetidos à competição.
“É uma edição de consolidação da alteração que fizemos no ano passado: passámos a ser um festival exclusivamente de cinema ambiental [até então, incluía o audiovisual]. Queremos começar a fazer parte do itinerário dos festivais de cinema”, resume Cláudia Marques Santos, coprogramadora do festival juntamente com Tiago Alves e Daniel Oliveira.
“O objetivo é aproximar públicos: o local e o que vem de fora, trazendo mais pessoas à região. Além disso, a temática ambiental, apesar de sobejamente conhecida, tem sempre perspetivas novas. Por exemplo, a América do Sul, que concorre com muitos filmes, traz sempre novos olhares sobre as ameaças aos rios ou à floresta, nomeadamente à Amazónia”, nota a coprogramadora.
Da programação, de entrada gratuita, destaque para os filmes de abertura, A Pedra Sonha Dar Flor, de Rodrigo Areias (10 out, 21h30) em formato de cineconcerto com o músico Rui Souza (Dada Garbeck), e de encerramento, Energia Nuclear Já!, de Oliver Stone (18 out, 21h30). Além das sessões competitivas, há lugar para as Sessões de Clássicos: Ecos da Montanha e da Planície, com Trás-os-Montes (1976), de António Reis e Margarida Martins Cordeiro (13 out, 16h), e Cerromaior (1981), de Luís Filipe Rocha (17 out, 16h).
Com 36 filmes em competição, a seleção internacional inclui produções no Alasca, Nova Zelândia, México, EUA e Europa, como Among the Wolves, de Tanguy Dumortier e Olivier Larrey (França), Fauna, de Pau Faus (Espanha), Bottlemen, de Nemanja Vojinović (Sérvia), Gerlach, de Aliona van der Horst e Luuk Bouwman (Países Baixos) ou, pela primeira vez, do Tibete, com a exibição de Snow Leopard, o filme póstumo de Pema Tseden (1969-2023) que explora a relação simbiótica entre humanos e animais através da interação de um jovem tibetano e um leopardo-das-neves.
Na competição em língua portuguesa, além de 17 curtas-metragens, serão exibidas cinco longas: À Procura da Estrela, de Carlos Martínez-Peñalver Mas, Lindo, de Margarida Gramaxo, O Melhor dos Mundos, de Rita Nunes, Sem Coração, de Nara Normande e Tião, e De Longe Toda Serra é Azul, de Neto Borges.
Mas o CineEco não se esgota na sala de cinema. Nesta edição, terá duas exposições: em Videoarte exibem-se dez filmes experimentais (em 10 televisores, em loop); e a coletiva O Estado da Água, resultado de uma residência artística durante um mês na Serra da Estrela. Conversas com público e realizadores (Conversas no Jardim), com estudantes do ensino superior e produtores da indústria cinematográfica (Encontros no Mercado), e workshop com escolas, fazem também parte da programação deste festival que há muito colocou a temática do ambiente no grande ecrã.
“Ao contrário dos grandes meios urbanos, forma-se ali uma pequena comunidade. As pessoas vão e querem voltar. É a melhor forma que temos para captar público”, salienta Cláudia Marques Santos, que acredita na tendência e na necessidade em “descentralizar” festivais de cinema ou de outras artes fora das grandes cidades. “As pessoas precisam cada vez mais de balões de oxigénio”, aponta.
CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela > 10-18 out > Casa Municipal da Cultura, Av. Luís de Camões, 484, Seia > T. 238 310 293 > programação completa aqui