“O direito da liberdade implica o dever da memória”, diz-se, a dada altura, em A Madrugada que Eu Esperava, um musical que junta em palco Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes. É, nas palavras do escritor Hugo Gonçalves, que escreveu o texto, uma “visão contemporânea sobre o 25 de Abril” e um “bónus” no ano em que se celebram os seus 50 anos.
Há muito que as artistas tinham o projeto de fazer um musical juntas e Bárbara Tinoco desafiou o escritor Hugo Gonçalves numa altura em que estava a ler o seu livro Filho da Mãe. “Nunca tinha feito um musical na vida”, diz o escritor à VISÃO. “Na altura estava a acabar o romance Revolução, que saiu em outubro passado, e tinha um grande manancial dramático sobre o 25 de Abril e o pós-revolução, uma época com muito material suscetível de se transformar em boas histórias.” O escritor tentou encontrar uma história que fosse “transversal, universal e popular, à volta do tema clássico “rapaz conhece rapariga”: “Não é por acaso que a peça faz uma piscadela de olho ao Romeo e Julieta e ao amor proibido, num tempo também de muitas proibições.” Em Bárbara e Carolina encontrou “excelentes interlocutoras.”
A Madrugada que Eu Esperava desenrola-se antes e depois do 25 de Abril e vai buscar o título ao célebre verso de um poema de Sophia de Mello Breyner publicado em 1977, que no espetáculo é dito em palco por todo o elenco.
Hugo gostaria que este musical pudesse “fazer rir” e tocar as pessoas. “E, numa altura de reflexão sobre o que é a democracia, se pudesse espicaçar consciências e recordar o que mudou seria um prémio. Podemos entreter indo ao fundo das coisas”, acrescenta. Além das protagonistas Bárbara Tinoco e Carolina Deslandes, autoras das músicas e letras que aqui interpretam, A Madrugada que Eu Esperava conta ainda no elenco com Dinarte Branco, Jorge Mourato, João Maria Pinto, Diogo Branco, Maria Henrique e Mariana Lencastre.
A Madrugada que eu Esperava > Teatro Maria Matos > Av. Frei Miguel Contreiras, 52, Lisboa > até 28 abr, qua-sáb 21h, dom 17h > €20 a €25