Do ponto de vista ficcional, convenhamos, Napoleão é bastante apetecível. Até Stanley Kubrick escreveu um argumento para um filme que nunca chegou a fazer – supostamente, Steven Spielberg andará às voltas com ele.
Existem, aliás, registos de declarações do autor de 2001, Odisseia no Espaço, que nos ajudam a perceber o interesse pela figura. “As batalhas napoleónicas são lindas. São como se fossem ballets, grandes e letais… Todas refletem um brilho estético, que não exige uma mente militar para apreciá-las”, disse Kubrick.
Protagonizada por Joaquin Phoenix e por Vanessa Kirby, no papel de Josefina, a versão de Ridley Scott – o filme estreia-se nesta quinta, 23, nas salas portuguesas – retrata a ascensão e a queda de Bonaparte. Começa com a Revolução Francesa e termina com a morte no exílio, na ilha de Santa Helena (o diretor’s cut de quatro horas será, posteriormente, transmitido pela Apple TV +).
Como qualquer épico que se preze, começa já com uma boa dose de polémica. Por um lado, alguns historiadores apontaram erros e imprecisões históricas; por outro lado, os franceses não gostaram de ver alguns aspetos da sua identidade retratados no grande ecrã pelo autor de Alien, Blade Runner e Hannibal. Perante as críticas, do alto dos seus 85 anos, o realizador inglês ripostou com ironia e irritação, não se coibindo de exibir o seu habitual mau feitio. “Os franceses nem de si próprios gostam”, disse Scott, em entrevista à BBC.
Napoleão > de Ridley Scott, com Joaquin Phoenix, Vanessa Kirby, Tahar Rahim, John Hollingworth, Youssef Kerkour > 150 min.