“O que se verá é uma ponta muito fina deste icebergue”, diz a diretora do Museu do Design e da Moda (MUDE), Bárbara Coutinho. O acervo a que se refere tem 5 800 unidades arquivísticas, traduzindo-se em milhões de documentos gráficos – desde rascunhos, esboços, artes-finais, provas de impressão e trabalhos finais para cartazes, reclames informativos, tapumes, logótipos, rótulos, embalagens e folhetos, pavilhões, anúncios de imprensa, estacionário, decoração de fachadas a selos –, o que nos dá um panorama do que foi Portugal, entre a década de 20 do século passado e os dias de hoje, pelos olhos da prática do design de comunicação e da publicidade.
A exposição que o MUDE está a organizar fora de portas (o edifício na Rua Augusta não tem ainda data de reabertura) reúne 650 peças da coleção que o publicitário Carlos Rocha (1943-2016) depositou ao cuidado da instituição – e que integra os materiais de trabalho do próprio Carlos Rocha, desenvolvidos na Agência Marca e na LETRA Design, mas também os do pai, Carlos Rocha Pereira, e os do tio, José Rocha, elaborados no ETP – Estúdio Técnico de Publicidade, a primeira agência de publicidade portuguesa.
“Estes documentos são de uma grande riqueza pela cronologia que têm mas também pelo facto de estarmos perante originais”, contextualiza Bárbara Coutinho, referindo igualmente a qualidade e o rigor com que foram executados, recorrendo a materiais nobres, como o guache ou a tinta da China. “Podemos conhecer o projeto do designer desde a ideia inicial, o esboço, o estudo das cores, até às várias experiências com logótipos, às artes-finais e aos materiais impressos.”
A exposição, com uma pequena parte da coleção, intitulada O Mundo Vai Continuar a Não Ser Como Era! e que pode ser vista no antigo edifício do Entreposto, da zona oriental de Lisboa, resulta de dois anos de trabalho efetuado pelo curador Gonçalo Falcão. “Vemos em revista um país e a forma como se transformou”, diz Bárbara Coutinho. “Conseguimos conhecer os hábitos sociais, a chegada dos eletrodomésticos, como foi olhada a questão do turismo. Vemos a importância de setores-chave, como o do vinho.”
O Mundo Vai Continuar a Não Ser Como Era! > Edifício IDB Lisbon > Pç. José Queirós, 1, Lisboa > T. 21 817 1892 > até 25 nov, ter-dom 10h-18h > grátis