Surgiu em 2013 com o intuito de levar cinema a aldeias e lugares isolados da região raiana, a bem da descentralização cultural. Este ano, o Periferias – Festival Internacional de Cinema de Marvão e Valencia de Alcantára continua a privilegiar o cinema de autor, levando filmes sobre direitos humanos, ambiente e cultura a suscitar o debate e a reflexão. Uma estação desativada de comboios, um antigo lagar de azeite convertido em museu, praças e castelos, dos dois lados da fronteira, são alguns dos cenários escolhidos para as sessões.
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O festival começa nesta sexta, 12, às 21 e 30h, no Castelo do Marvão, com La Cordillera de Los Sueños (2019) do chileno Patricio Guzmán, que ganhou o Prémio de Melhor Documentário no Festival de Cinema de Cannes. Segue-se, depois da sessão, o concerto de Os Sabugueiros, que voltam a marcar presença no Periferias. A banda alentejana, composta por Agostino Aragno (violino e voz), Juan Abalos (guitarra e voz), José Conde (bando) e Andrea Verse (percussão), mistura diferentes influências e ritmos das suas terras de origem (Itália, Argentina e Portugal).
Na noite deste sábado, 13, às 21h30, o destaque vai para Paraíso (2021), do realizador luso-franco-brasileiro Sérgio Tréfaut, exibido na estação de comboios desativada de Marvão-Beirã. O documentário passa-se nos jardins do Palácio do Catete, antiga residência oficial do Presidente da República do Brasil, no Rio de Janeiro, onde até ao início da pandemia reuniam-se diariamente anciãos para participar nos fins de tarde musicais protagonizados por instrumentistas e cantores amadores.
Neste mesmo dia, às 17 e 30, no Museu da Tapeçaria de Portalegre, será exibido Vieirarpad, do realizador João Mário Grilo. Um retrato puro da história de Maria Helena Vieira da Silva e do seu marido, Arpad Szènes, construído à base de depoimentos, correspondências trocadas pelo casal de artistas e arquivos audiovisuais.
Já neste domingo, 14, o destaque vai para Um Corpo que Dança, filme de Marco Martins sobre o Ballet Gulbenkian que é também um retrato das transformações sociais do País, desde a fundação da companhia em 1965 até à sua extinção, em 2005. A sessão tem lugar no Cine-Teatro Mouzinho da Silveira, em Castelo de Vide, pelas 17 horas. É também aqui que se poderá ver Donbass (15 ago, seg), filme de 2018 em que o realizador Sergei Loznitsa recria cenas do conflito no Leste da Ucrânia – hoje o filme parece uma prequela da guerra de que o mundo fala. Ainda dentro de portas, no centro cultural de Marvão, haverá oportunidade para ver A Metamorfose dos Pássaros, o premiado filme de Catarina Vasconcelos que se inspira na história e memórias de família da realizadora portuguesa.
Do outro lado da fronteira, na Plaza de España de Valencia de Alcántara, serão exibidos os filmes Alcarrás, de Carla Simón (14 ago, dom), e Cinco Lobitos, de Alauda Ruiz de Azúa (18 ago, qui). Na Mata de Alcántara, junto da Iglesia de Santa María de Garcia, passa o filme de Miguel Ángel Muños, 100 Dias com la Tata (15 ago, seg), que documenta os mais de cem dias em que Miguel Ángel morou com a sua bisavó Tata, de 95 anos, por conta da pandemia. E em La Fontañera, perto de Cáceres, será exibido Ar condicionado, do angolano Fradique (17 ago, qua 22h30, hora espanhola).
O Cinema Somos Nós, um projeto educativo que se realiza na Casa da Cultura, é outra das propostas do festival que procura aproximar os mais jovens à sétima arte. Para isso, vão ser realizadas um conjunto de masterclasses, onde os jovens poderão trocar ideias com produtores e realizadores. Da programação do festival, destaque ainda para o documentário Nuno Teotónio Pereira – Um Homem na Cidade, no centro cultural de Marvão, que contará com a presença do filho do arquiteto, Miguel Teotónio Pereira. Estão ainda previstas três visitas guiadas: ao Museu da Tapeçaria de Portalegre, ao Museu de Arte Contemporânea Vostell Malpartida, no lado espanhol, e ao Lagar – Museu António Picado Nunes, em Marvão.
No dia 18, será apresentado o livro José Afonso – Todas as Canções e, no último dia do festival, 20 de agosto, entrega-se o prémio Tejo/Tajo Internacional atribuído ao melhor filme ibérico.
Periferias – Festival Internacional de Cinema de Marvão e Valencia de Alcantára > vários locais de Marvão e Vanencia de Alcantára > 12-20 ago > T. 92 520 7921> €6 (sessão), €4 (concertos), €30 (passe) > programação completa aqui