Desde 2017 que Fábio Porchat não subia aos palcos. Agora, vai andar por aí, para pôr as pessoas a rir, depois de dois anos muito duros. “É a principal função desde stand up puro e duro, em que serei eu, o microfone e o palco.”
A estreia mundial deste seu novo espetáculo acontece em Portugal. Há alguma razão poética para isso acontecer?
É mais de ordem prática, porque estou cá. No Brasil, a estreia será em abril, já está tudo marcado, mas como estou em Portugal até ao final de fevereiro, a gravar uma série para a RTP, decidi unir o útil ao agradável. Há muito tempo que não me apresento cá, desde 2015.
Tudo o que conto no espetáculo aconteceu de verdade. Talvez lhe junte o olhar do humor
O que se pode esperar desta estreia?
Para já, será algo inteiramente novo. Vou contar as sagas, curiosas e divertidas, das minhas viagens ao longo da vida, inclusivamente por Portugal. Haverá de tudo, de massagens na Índia a safaris em África, passando por fortes dores de barriga no Nepal.
São histórias reais?
Tudo o que conto no espetáculo aconteceu de verdade. Talvez lhe junte o olhar do humor. Mas, na realidade, eu fiquei frente a frente com um hipopótamo e também com um gorila. Tudo isso se torna agora muito divertido. Na hora, foi meio tenso.
Sei que esteve recentemente na Finlândia. Trouxe material de lá para o seu show?
Fiz um acrescento de última hora ao espetáculo. O brasileiro quando vê neve fica sempre um pouco idiota…
O que aconteceu, afinal?
Só posso contar no show. Mas adianto que resolvi filmar um barquinho de crianças e que as coisas não correram muito bem.
A série da RTP que está a gravar é baseada no livro de José de Saramago Viagem a Portugal. Como tem sido essa experiência?
É lindo. Impressiona-me como este país pequeno, quando comparado com o Brasil, é grande e tem tanta diversidade e tantas possibilidades. Tem sido ótimo fazer essas viagens pelas aldeias e cidades. Andar de carro, contemplar…
Não conhecia nenhum desses sítios por onde tem andado em gravações?
Até conhecia razoavelmente bem o País – não só Lisboa e Porto. Mas agora estou a conhecer a fundo, de norte a sul, de este a oeste, e a ir a locais que os próprios portugueses não conhecem bem. Comecei em Miranda do Douro e vou até ao Algarve.
Como se sentiu ao ser escolhido como cicerone deste documentário?
Fiquei muito feliz e surpreso. A minha primeira reação, quando o realizador me chamou, foi pedir para procurar um português. Mas ele convenceu-me ao dizer que queria um olhar de fora, de encanto, de alguém que tivesse um carinho especial por Portugal, mas ainda assim se surpreendesse com coisas que talvez já não surpreendam os portugueses. O meu olhar é o da descoberta.
Como tem visto as mudanças na relação Portugal-Brasil?
Cada vez mais prósperas. Os portugueses já estão integrados neste mundo brasileiro que invadiu Portugal. E os brasileiros cada vez mais se apaixonam por este país. Muitos não querem só visitá-lo, mas vir para cá viver.
Muitos dos que querem cá viver fogem de um certo Brasil. O Fábio fugiria, se pudesse?
Acho que eles fogem da violência. Já eu alimento o sonho de morar fora e adoraria que fosse em Portugal, ainda antes de ser moda. Tenho público aqui – posso exercer a minha profissão.
A Porta dos Fundos, que este ano comemora dez anos, não ficaria comprometida com essa mudança?
Produzo os meus programas e posso fazê-lo por Zoom.
Então, quando se muda?
Se calhar, vou ter de esperar para me consolidar ainda mais no Brasil antes de sair.
O Novo Stand Up de Fábio Porchat > Porto, Braga, Coimbra, Aveiro, Albufeira e Lisboa > 5-18 fev