A ordem moral, os conflitos éticos, a procura da felicidade e a condição de mulher são alguns dos Espectros que vão assombrar o Teatro Carlos Alberto, no Porto. O drama familiar controverso, a tragédia com um toque de farsa escrita por Henrik Ibsen e publicada em 1881, cuja atualidade se mantém, foi a escolha de Nuno Cardoso, diretor artístico do Teatro Nacional São João (TNSJ), para apresentar em palco, a partir desta quinta, 20, e até dia 6 de junho. A peça conta com a interpretação do elenco “quase” residente do TNSJ.
O cenário é despojado, concentrando-se o olhar em Helene Alving, a protagonista deste drama. O regresso do seu filho, Osvald, adensa as sombras do moralismo rígido em que vivem e desvenda as consequências da quebra de dogmas antiquados. São fantasmas que intoxicam a atualidade e condenam os dias seguintes.
“Que herdamos nós?”, questiona Helene, a dada altura. “Herdamos uma força do passado, tão forte e persistente que continua a ecoar nos nossos ‘poucos e desalmados’ dias”, lê-se no texto de apresentação de Espectros. Nesta produção, procura-se dar uma outra dimensão à peça, adicionando-lhe uma componente de vídeo, assinada pelo realizador Luís Porto, que permitirá ao público ver imagens dentro e fora da cena.
Depois de uma reflexão sobre a revolução, em A Morte de Danton, de George Büchner, e dos esquemas de poder em O Balcão, de Jean Genet, Nuno Cardoso expõe “um conjunto de atitudes antiquadas e crenças mortas”. O Teatro Carlos Alberto recebe assim, pelas mãos do diretor artístico do TNSJ, o legado de Henrik Ibsen, o dramaturgo norueguês com quem, disse-o George Steiner, “a história do teatro começa de novo”.
Espectros > Teatro Carlos Alberto > R. das Oliveiras, 43, Porto > T. 22 340 1910 > 20 mai-6 jun, qua-sáb 19h, dom 16h > €5 a €10 > tnsj.pt