Quatro curtas não fazem uma longa. Mas, às vezes, quase que parece. Quatro Contos é uma oportunidade rara para ver em sala os últimos trabalhos de Gabriel Abrantes, com uma ordem sequencial que sugere uma continuidade. Não se trata, obviamente, de uma longa-metragem, porque se distinguem bem as quatro narrativas, mas há sem dúvida um elo de ligação entre as obras, dado pelo estilo subversivo e exploratório do realizador. Havendo um outro enquadramento, poderiam ser servidas mediante um artefacto semelhante à Trilogia da Vida, de Pasolini. Só que aqui a mira é distinta.
Lisboa, Paris, Nova Iorque, a aldeia de Yawalapiti e São Paulo, no Brasil, serviram de pano de fundo às curtas-metragens
Encontramos um universo fantasioso, futurista, assumidamente kitsch, ligado a um realizador com um percurso particular. Com formação nos EUA (onde cresceu), Gabriel Abrantes começou por se destacar enquanto artista plástico (e aí assentou a sua base), mas tem sido reconhecido e premiado enquanto cineasta um pouco por todo o mundo. Diamantino, uma louca derivação poética e estilística levemente inspirada em Cristiano Ronaldo, foi a sua primeira longa.
Mas há muito mais para descobrir nestas estupendas e subversivas pequenas obras: Freud Und Friends (2015), Uma Breve História da Princesa X (2016), Os Humores Artificiais (2016) e As Extraordinárias Desventuras da Menina de Pedra (2018).
Quatro Contos > De Gabriel Abrantes, com Liza Lapert, Margarida Lucas, Joana Barrios, Gabriel Abrantes > 86 min.