A cidade de Lisboa, a par de muitas outras, parou com a pandemia. O comércio fechou as portas e as multidões evaporaram-se das ruas. É esta imagem estranha, de uma cidade parada, que se mostra em Lisboa Ainda, no Pavilhão Preto do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, a partir desta quinta, 23, através do olhar de quatro fotojornalistas.
“Cada um dos fotojornalistas tem um cunho e uma identidade muito próprios”, refere Rita Palla Aragão, comissária da exposição. Tiago Miranda fotografou a capital através da janela do carro. Pedro Nunes captou a cidade na manhã da primeira segunda-feira da primeira semana de quarentena, para mostrar que nada estava a acontecer. Já Luís Miguel Sousa voltou aos lugares que havia fotografado repletos de turistas, para revelar como o contraste era evidente; e José Fernandes tentou lançar alguma luz sobre a escuridão das nossas figuras.
O facto de os quatro serem fotojornalistas não é fruto do acaso. “Costumam fotografar acontecimentos, o que acontece. O desafio, neste caso, foi terem de fazer o oposto, fotografar o que não acontece. E conseguiram-no muito bem, captando uma Lisboa que não reconhecemos e que nunca tínhamos conhecido”, explica Rita Palla Aragão.
Numa sala complementar, dedicada ao poema Lisboa Ainda, de Manuel Alegre, que tão bem descreveu este período (Lisboa não tem beijos nem abraços (…) não tem passos) e empresta o título à exposição, pode escutar-se a canção de Joana Alegre que, com a ajuda de amigos, musicou o poema do pai.
A acompanhar as 36 fotografias que compõem a exposição, estão excertos de poemas de Manuela de Freitas, Maria Teresa Horta e Sophia de Mello Breyner, todos sobre a cidade de Lisboa.
Lisboa Ainda > Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, Pavilhão Preto > Campo Grande, 245, Lisboa > T. 21 751 3200 > 23 jul-20 set, ter-dom 11h-17h > €3