Foi no extinto Heritage Café, na rua D. João I, em Matosinhos, que, em 1999, se deram os primeiros passos para a criação de uma Orquestra de Jazz naquela cidade piscatória. Na época, Pedro Guedes – que, com Carlos Azevedo, assume a atual direção artística – foi o principal impulsionador da big band. Hoje, volvidos quase 20 anos, e depois de ter ensaiado no B’Flat (Matosinhos) e, desde 2005, na Casa da Música (Porto), a Orquestra de Jazz de Matosinhos (OJM) regressa à rua contígua onde nasceu, ao quarteirão da Real Vinícola, recentemente requalificado pelo arquiteto Guilherme Machado Vaz. E regressa com um longo currículo debaixo do braço, que a coloca numa das melhores orquestrações jazzísticas da Europa – ainda na última semana, fez parte da gala de abertura da European Jazz Conference, em Lisboa – tendo tocado com nomes reconhecidos como Dee Dee Bridgewater, Maria Schneider, Carla Bley ou, entre muitos outros, Lee Konitz.
A inauguração é feita em dois momentos que são oportunidades únicas de o público poder visitar aquela que já é considerada uma das melhores salas/estúdio de uma orquestra de jazz na Europa. Esta sexta, às 22h, os músicos percorrem parte do repertório de Pedro Guedes e de Carlos Azevedo (com entrada livre, mas sujeita à limitação do espaço). Já no sábado, 22, haverá visitas guiadas à nova sede da OJM (das 15 às 17h) e, à noite, pelas 22 horas, a grande praça exterior do quarteirão da Real Vinícola será o palco da atuação da orquestra com o músico Manel Cruz (22h), num concerto que será muito semelhante ao que já aconteceu na Casa da Música, com novos arranjos de temas dos Ornatos Violeta, Foge Foge Bandido e Supernada.
Com 700 m2, a nova sede da OJM engloba um estúdio de gravação único na Europa, salas de ensaio e o Centro de Alto Rendimento Artístico (CARA) onde, anseia Pedro Guedes, os músicos vão “melhorar e otimizar a performance artística”. Para além disso, quer unir a arte, ciência e tecnologia, através de protocolos que já foram firmados com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e entre outros, o Inesc Tec (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência). “Achamos que parte do futuro das artes passa pela integração da tecnologia e dos novos media”, salienta Pedro Guedes.
Com 17 elementos – entre trompetistas, trombonistas, saxofonistas, pianistas e músicos que tocam contrabaixo e bateria – a OJM tem atuado regularmente em salas de todo o país e do mundo, nomeadamente, Barcelona, Milão, Bruxelas, Novas Iorque, Boston e Marselha. Nas últimas duas décadas, “o número de músicos a tocar jazz é incomensuravelmente maior e a qualidade subiu tremendamente”, congratula-se Pedro Guedes. O jazz parece estar, pois, no bom caminho.
Orquestra de Jazz de Matosinhos > Av. Menéres, 456, Matosinhos > 21 set, sex 22h > grátis (lotação limitada, sujeita a inscrição para info@ojm.pt) > 22 set, sáb 15h-17h (visitas guiadas), 22h (concerto com Manel Cruz) > grátis