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As imagens de arquivo utilizadas em ‘Nico, 1988’ foram feitas por Jonas Mekas, figura maior do cinema independente americano e que, aos 95 anos, é o mais velho realizador ainda em atividade
Mesmo quem não seja fã dos Velvet Underground pode apreciar este filme, que conta a história dos últimos anos de vida de Nico, uma autêntica lenda da história do rock de vanguarda. O que aqui encontramos é uma mulher em profunda e progressiva decadência, a tentar livrar-se do passado, mas sem grandes ânsias de futuro. Mais do que uma narrativa empolgante, faz-se um retrato psicológico de uma figura negra mas fascinante. Mérito da realizadora italiana Susanna Nicchiarelli e da atriz dinamarquesa Trine Dyrholm. As suas teias internas são expostas de forma veemente, visceral mesmo, num desenho emocional complexo, entre a apatia e o desespero.
Estamos sempre a quilómetros de distância da icónica imagem da modelo alemã que deslumbrou Lou Reed, Jim Morrison e Brian Jones. Diz numa entrevista que a sua vida só começou depois do “álbum da banana” (estreia discográfica dos Velvet, em 1967). E repetem-se frases impactantes como “Estou feia? Ainda bem, eu não era feliz quando era bonita.” Em grande parte é um filme sobre a sobrevivência, sobre as coisas que ainda a agarram à vida, como o filho, com o qual tem uma relação traumática, ou a música, que apesar de tudo a estrutura. Encontramo-la em momentos-chave dos seus últimos anos: em Manchester, onde vivia; em Praga, onde deu um concerto quase clandestino; ou de partida para Ibiza, onde viria a morrer.
Veja o trailer
Nico, 1988 > De Susanna Nicchiarelli, com Trine Dyrholm, John Gordon Sinclair, Anamaria Marinca > 93 minutos