De Roy Lichtenstein (1923-1997) conhecemos sobretudo a produção inspirada pelos cartoons e anúncios publicitários: pinturas de enquadramento bem definido com mulheres fatais e personagens acompanhadas por balões de banda desenhada, explosões estilizadas, onomatopeias ampliadas… Todo um universo declaradamente inspirado na cultura popular, a que este norte-americano se dedicou a partir de 1961, após conhecer outros artistas igualmente estimulados pelo quotidiano moderno, pelo culto dos objetos e pelo consumo, como Claes Oldenburg e Jim Dine. A cultura de massas e os elementos pop foram traduzidos por Lichtenstein em cores primárias, dinamismo, narrativas estereotipadas, imediatismo – uma estratégia que lhe servia para testar técnicas e conceitos entre arte de museu e arte de rua. E cuja linguagem reconhecível passava pelo método Ben-Day: um sistema de pontilhados, aparentado com o pontilhismo, que trabalhava os efeitos óticos e os sombreados causados pelos pontos aplicados com espaçamentos.
Cerca de 40 trabalhos seus revelam-se agora numa gaiola negra de rede pontilhada iluminada por candeeiros amarelos, na Praça do Centro Comercial Colombo. Faça-se já a ressalva: a exposição Roy Lichtenstein e a Pop Art não tem originais do artista, antes litografias, serigrafias e impressões offset. Por entre algumas obras mais reconhecíveis (como a loira chorosa de Hopeless, 1968, ou o avião que explode em cores vivas no díptico Whaam!, 1967), estão peças que reclamam homenagem e subversão de correntes pictóricas como o cubismo ou o neoplasticismo de cores primárias de Mondrian, muitos posters para festivais, e até uma versão da mais célebre personagem de Hergé (Tintin Reading, 1993). Observar estes trabalhos expressivos (divididos cronologicamente pelos temas Pop, Paisagens, Homenagens e Cartazes) causa ainda um mesmo reconhecimento, atração imediata e estranheza – a desilusão das girls next door, os másculos rapazes socados, as explosões aparatosas, as geometrias misteriosas… São o sonho americano estereotipado e a miragem pop, tão literais como sarcásticos.
A iniciativa A Arte Chegou ao Colombo já apresentou exposições dedicadas a Joana Vasconcelos, ao acervo do Museu Nacional de Arte Antiga, a Andy Warhol, Jen Lewin, Salvador Dalí, Terry O’Neill e Paula Rego.
Roy Lichtenstein e a Pop Art Lisboa > Centro Comercial Colombo > Av. Lusíada, Lisboa > T. 21 711 3600 > 19 jun-23 set, 10h-24h > grátis