Anos 80. Bjorn Borg e John McEnroe. Um duelo no relvado de Wimbledon. Bola cá, bola lá. Ou talvez seja um pouco mais complicado do que isso. Este filme é impróprio para cardíacos. Faz do court um ringue de boxe. E de uma partida de ténis uma questão de vida ou de morte. E aí reside toda a sua beleza.
Borg vs McEnroe abriu o festival de Toronto, no Canadá, para grande surpresa de muitos, devido à sua temática improvável. Não é apenas um filme para os nostálgicos do ténis dos anos 80 (até porque não há assim tantos motivos para nostalgia, Nadal e Federer são dos melhores tenistas de sempre e talvez um dia façam um filme sobre eles). É um grande filme, ponto final. E uma lufada de ar fresco, agora já com justificadas ambições a chegar aos Oscars.
Em campo e na tela estão duas personagens em estilos aparentemente antagónicos. O imperial Bjorn Borg, imperturbável, com uma calma secular, que baixa a temperatura do quarto para diminuir o ritmo cardíaco. Do outro lado, o intempestivo John McEnroe, menino mal criado, sempre a reclamar com o árbitro, que faz da emoção um estilo de jogo. No filme há uma exploração da densidade das personagens, retirando as suas camadas e, como que por magia, aproximando-as. Curiosamente, a personagem de Borg, por tudo aquilo que esconde, torna-se ainda mais fascinante. Apresentados os perfis psicológicos, chegamos à estranha conclusão que Borg e McEnroe são farinha do mesmo saco. A essência é exatamente a mesma, o que difere neles é a estratégia para lidar com a angústia que sentem em campo.
Todo o resto é um constante match point. Não vamos aqui lembrar quem venceu o torneio de Wimbledon em 1980. Para quem não se recorda do resultado, o filme torna-se ainda mais emocionante. No final ambos ganham e ambos perdem… E não é apenas de ténis que se trata.
Borg vs McEnroe > de Janus Metz, com Sverrir Gudnason, Shia LaBeouf, Stellan Skarsgård, Tuva Novotny, Robert Emms > 100 min