No verão, o Pavilhão 31 abre portas a parcerias com universidades, como, este ano, a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Trabalhos de 14 novos artistas plásticos apresentam-se, em A Dispensa, ao lado dos de António Costa e José Domingos, artistas residentes do hospital. E todos testam os limites da pintura – há abstração, figuração, tridimensionalidade, experimentação, desafio. Comecemos pelos “anfitriões”: António Costa (nascido em 1943) apresenta, desta vez, dois retratos, arte bruta. José Domingos (1971), que expõe pela primeira vez no Pavilhão 31, é descrito por José Azevedo, parceiro do curador Sandro Resende neste projeto fora da caixa, como “autodidata, hiper-realista, com um trabalho do outro mundo”, e revela um desenho com dois metros e meio: uma paisagem a tinta da china e lápis, com a representação de 31 castelos. Alinham-se ao lado das pinturas, desenhos e esculturas de chão, apresentados por um quase coletivo. Quase. Fernão Cruz (1995), vencedor do prémio Arte Jovem 2017, explica que esta exposição é “uma visão partilhada, mas temos percursos pessoais e intransmissíveis”.
Licenciados em pintura desde junho último, estes 14 “dispensados” da escola, têm uma ambição: “Fazer renascer a pintura no panorama da arte contemporânea”. “Vivemos uma época híbrida em que vale tudo. Há uma subversão de meios, ascética, entre o que é apresentado e o observador. Nesta curadoria conjunta, queremos que a exposição seja joyfull, playfull – um playground aberto ao público”, defende. Há quem subverta as regras dos retratos renascentistas como Mariana Malheiro (Mãe e filha no elefante, 2016), quem crie figuras enigmáticas como Manuel Queiró (Colo, 2017), quem escolha um realismo reminiscente das mulheres pintadas por Paula Rego como Mariana Tilly (Engaging to the routine, 2017), quem crie ritmos pictóricos como Sofia Mascate (Alice no País das Ervilhas, 2017) ou fúrias cromáticas e abstratas como Catarina Cortez, Fernão Cruz, Laura Peixoto e João Maria Pacheco, quem crie casas ilusórias como Sara Mealha (Igreja, 2017), quem pinte com ganas como Francisca Pinto, Henrique Lázaro, Luís Rocha, Ricardo Marcelino, Rui Neiva. A pintura, o que é? Matéria pulsante.
A Dispensa > Pavilhão 31 > Hospital Júlio de Matos-Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa > Av. do Brasil, 53, Lisboa > T. 21 791 7000 > até 31 ago, seg-sex 10h-16h