Entre uma reflexão sobre a crise em Portugal, em Colo, de Teresa Villaverde (filme de abertura), e uma ode à cidadania, em I Am Not Your Negro, de Raoul Peck (sessão de encerramento), o IndieLisboa dá a ver dezenas de filmes atentos aos sinais do nosso tempo, naquela que é, para o codiretor Miguel Valverde, “a edição mais política da história do festival”.
Na competição internacional, mais ficcional do que em anos anteriores, encontram-se filmes de realizadores já revelados (e premiados) no Indie, como Viejo Calavera, do boliviano Kiro Russo; The Challenge, do italiano Yuri Ancarani; e El Auge Del Humano, do argentino Eduardo Williams. Este último é uma coprodução portuguesa, com o Bando à Parte, de Rodrigo Areias. Por último, Amor Amor, de Jorge Cramez, será a única longa portuguesa no concurso internacional, o que não acontecia desde Lacrau, de João Vladimiro, em 2013.
A competição nacional é, de resto, a maior de sempre, com seis longas que provam a riqueza e diversidade do cinema feito em Portugal. Além de Amor Amor, mostram-se as novas obras de Susana Sousa Dias (Luz Obscura), Miguel Clara de Vasconcelos (Encontro Silencioso), André Valentim Almeida (Dia 32), Rosa Coutinho Cabral (Coração Negro) e o road movie de Pedro Maia (Fade Into Nothing), criado numa viagem pelos EUA com a fotógrafa Rita Lino e o músico Paulo Furtado/The Legendary Tigerman.
Revelar autores que desafiam as normas mantém-se como a grande marca do IndieLisboa. Este ano, são dois os Heróis Independentes com retrospetivas – o americano Jem Cohen e o francês Paul Vecchiali, contemporâneo da Nouvelle Vague, cuja obra é tão vasta quanto desconhecida. A dupla experimentalista composta por Gusztáv Hámos e Katja Pratschke, que se tem dedicado ao fotofilme, está em foco na secção Silvestre, na qual também poderemos ver os novos filmes da alemã Angela Schanelec ou do americano Alex Ross Perry.
Destaque ainda para Rosas de Ermera, de Luís Filipe Rocha, que aborda um período específico da vida familiar de Zeca Afonso; e para Grave, da francesa Julia Ducournau, de que muito se falou no último festival de Cannes e que é, para Miguel Valverde, “um dos filmes imperdíveis” deste ano.
No IndieMusic, uma das secções mais concorridas do festival, entre 14 filmes, a estrela será Eat That Question – Frank Zappa in His Own Words, de Thorsten Schütte, documentário na primeira pessoa, a partir de centenas de horas de entrevistas e material de arquivo.
IndieLisboa > Culturgest, Cineteatro Capitólio, Cinema Ideal, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Lisboa > 3-14 maio