
A peça começa com as cinco mães em palco e também com os filhos e sobrinhas das atrizes e do encenador
Alipio Padilha
A história desta peça de teatro já leva mais do que nove meses de gestação. Recuemos a 2014, ano em que as atrizes Flávia Gusmão, Vera Kolodzig, Joana Seixas, Ana Cloe, Cleia Almeida e Katrin Kaasa subiram ao palco, todas grávidas, na peça Consegues Ver os Teus Pés?. “Na altura, percebemos que, estando grávidas, havia muito poucos papéis que pudéssemos representar e decidimos fazer um espetáculo sobre isso”, recorda Flávia Gusmão, de quem partiu a ideia e que chamou Martim Pedroso para as encenar. “O teatro já é efémero e essa peça não podia ser mais efémera, pela junção de circunstâncias. E pensámos logo que havíamos de continuar quando nascessem os bebés”, conta.
Passados quase três anos, Flávia Gusmão regressa ao palco, acompanhada de Joana Seixas, Katrin Kaasa, Vera Kolodzig e, ainda, Rita Calçada Bastos, que quase participou no primeiro projeto. Filhos das Mães, dirigido também por Martim Pedroso, espelha, não só as suas novas vidas como atrizes-mães, mas também a relação que estabeleceram ao longo deste período, trocando dúvidas, alegrias e angústias.
Dividida em três partes, a peça começa com as cinco mães em palco e também com Djodja Gusmão Rebelo, Eva Soares Ribeiro, Gustavo Seixas Laço, Carolina Pedroso e Silva e Lia Pedroso e Silva – filhos e sobrinhas das atrizes e do encenador. “Vai ser um desafio diário e tudo pode acontecer. Não há de haver uma representação igual a outra”, ri-se Flávia Gusmão, imaginando as crianças, com dois a cinco anos, em cena. Uma prova ao vivo de como se concilia a maternidade com a profissão de atriz.
“Na segunda parte da peça, falamos mais do lado B disto de ser mãe. Trazemos as nossas experiências, mas também fomos à procura daquilo que há escrito, em teatro, para mães. Fomos buscar a Medeia e também a Nora, de Casa das Bonecas, de Ibsen, que abandonou os filhos. E, olhando para o que existe, percebemos que a maternidade não parece um assunto fácil, desde a antiguidade até agora”, diz Flávia Gusmão. “Por outro lado, ser mãe é a melhor coisa do mundo, como se diz. É entre esses dois polos que andamos”, acrescenta.
Para o final, fica um exercício de projeção de como serão estas mães e estes filhos quando eles tiverem a idade que têm elas hoje. Estará algum em cima de um palco?

“Vai ser um desafio diário e tudo pode acontecer. Não há de haver uma representação igual a outra”, ri-se Flávia Gusmão, que leva a filha para o palco
Alipio Padilha
Teatro Municipal São Luiz > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7640 > 9-18 fev, qui-dom 19h > €5 a €12
Teatro Municipal do Porto – Campo Alegre > R. das Estrelas, Porto > T. 22 606 3000 > 24-25 fev, sex-sáb 19h > €7,50