Os braços longos do jornalista-cidadão ou das redes sociais não chegam a todo o lado, nem devem servir como testemunhas para tudo. Sob o tema Flagelo humano, o Sintra Press Photo reafirma uma vontade de valorizar o fotojornalismo: este ano, tem 36 imagens, doze por cada autor. Chamem-se as testemunhas. Mário Cruz, português de 29 anos que venceu na categoria Assuntos Contemporâneos do World Press Photo 2016, mostra Roof – olhar a preto e branco sobre um grupo de sem-abrigo, vítima da crise, que vive em edifícios abandonados na Grande Lisboa, uma tragédia denunciada que, através das suas lentes, ganha algum onirismo.
O britânico Phil Moore, por sua vez, revela Nightwalkers, imagens tintadas pelo lusco-fusco ao abrigo do qual milhares fogem aos conflitos no Congo. Um êxodo impressionante, uma maré sem rostos. E a terceira testemunha a destapar o mundo é Dominic Nahr, suíço nascido em 1983, que mostrou o corpo de trabalho nos Rencontres d’Arles. Aqui, apresenta Fallout, série criada ao longo de anos, cobrindo os efeitos do terramoto e do desastre nuclear que assolou a região japonesa de Fukushima, e a vida rarefeita na zona de exclusão. Imagens com o seu quê de teatro do absurdo, de cenário de ficção científica.
Sintra Press Photo > MU.SA Museu das Artes de Sintra > Av. Heliodoro Salgado, Sintra > T. 21 924 3794/ 21 923 6101 > 23 out-10 dez, ter-sex 10h-20h, sáb-dom 14h-20h > €1