Era um momento há muito aguardado no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, este de pôr, literalmente, o “Sequeira no Lugar Certo”. Apesar de A Adoração dos Magos, de Domingos Sequeira, estar em boas condições, são visíveis as diferenças, em especial na luz, depois de dois meses de restauro. “Havia uma camada de verniz oxidada por 200 anos, que lhe alterava as cores. É uma revelação”, diz António Filipe Pimentel, diretor do museu. Outras seis obras do artista acompanham o quadro de 1828 – adquirido através de uma campanha pública de angariação de fundos, inédita em Portugal –, e agora exposto no renovado Piso 3 do MNAA.
A inauguração, marcada para esta quinta-feira, 14, às 18 horas, faz-se com uma “mostra monumental de pintura e escultura portuguesas do século XII ao século XIX”, nas palavras de António Filipe Pimentel, na qual os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, têm o merecido destaque. Afinal, são 800 anos de História contados através de cerca de 250 obras. Muitas expostas pela primeira vez e, quase todas, alvo de intervenção por parte da equipa de restauro. Como o presépio do convento de Santa Teresa de Jesus de Carnide, agora integralmente reconstituído; a Coroação da Virgem, um conjunto de figuras em barro da capela da Quinta da Carnota, em Alenquer; ou ainda a estátua de D. Manuel de Lima, atribuída a Jerónimo de Ruão.
Entre as últimas aquisições da Direcção-Geral do Património Cultural para o acervo do museu está a pintura Narciso na Fonte, de Vieira Portuense, e o tríptico Nossa Senhora com o Menino Jesus, do Mestre de Santa Clara. A exposição conta ainda com as contribuições dos Palácios de Queluz e de Mafra e a cedência, em depósito de longa duração, de algumas peças. Do Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, veio a pintura São Vicente, de Frei Carlos, monge pintor de origem flamenga que viveu em Portugal. E a Fundação Millenium bcp ali depositou o Calvário, de Grão Vasco.
“Foram são seis meses de obras, mas mais de dois anos de intenso trabalho na conceção da museografia”, diz o diretor do MNAA. Da cenografia à iluminação, passando pelos textos informativos, é toda uma nova forma de mostrar e comunicar as peças, postas agora em diálogo. Uma “verdadeira revolução” que António Filipe Pimentel quer ver estendida aos restantes pisos do museu.
A abertura ao público do Piso 3 é assinalada com festa. Já esta quinta-feira, 14 e até sábado, 16, entre as 18 e as 23 horas, a entrada na galeria é gratuita e, durante os três dias, haverá música no átrio, com o coro do Teatro Nacional de São Carlos, três solistas de violoncelo, oboé e flauta, e a Orquestra Sinfónica e Juvenil.
Museu Nacional de Arte Antiga > R. das Janelas Verdes, Lisboa > T. 21 391 2800 > ter-dom 10h-18h > €6