
O método de trabalho de Wayne McGregor é único, conduzindo a resultados, também eles, singulares. Vejamos o exemplo de Atomos, a criação de 2013 que é agora apresentada, pela primeira vez, em Portugal. O ponto de partida foi um obscuro filme de ficção científica dos anos 80, que o multipremiado coreógrafo britânico dividiu em pequenos fragmentos para depois trabalhá-los individualmente, traduzindo em movimentos a análise informática dos dados recolhidos. Em entrevista ao jornal The Guardian, Wayne McGregor descrevia o ambiente de trabalho com os bailarinos: “Como falamos muito de ciência, as pessoas pensam que o processo criativo é muito cerebral. Mas, na verdade, é muito rápido, ativo e divertido, dá-nos muito gozo”. Ainda que absorvido por toda esta dinâmica de criação, questionando os cruzamentos entre a arte e a ciência, para quem observa a leveza, o rigor e a originalidade dos movimentos dos dez bailarinos em palco, não pode deixar de considerar o trabalho de Wayne McGregor fascinante. Ideias não faltam nestas coreografias complexas, desafiantes e curiosas. Exploram-se os limites do corpo, partindo do princípio que ele guarda a mais perfeita tecnologia e que o seu máximo potencial é retirado do confronto com os outros. A ajudar à beleza da peça estão as projeções do filme em 3D de Ravi Deepres (sim, o público terá de usar uns óculos especiais), o desenho de luz de Lucy Carter, os figurinos digitais (inspirados nos algoritmos emocionais dos bailarinos) e a música absorvente do duo A Winged Victory for the Sullen. Prepare-se para ser surpreendido.
Atomos > Centro Cultural Vila Flor > Av. D. Afonso Henriques, 701, Guimarães > T. 253 424 700 > 7 mai, sáb 22h > €10