Se construir uma coleção implica critérios e objetivos, instituições diversas terão acervos diferentes. Mas o jogo “descubra as semelhanças” pode ser porta de entrada em Linhas de Diálogo, exposição-encontro entre duas coleções, com fotografia portuguesa e espanhola (e brasileira e francesa). Mas, primeiro, anote-se as diferenças: a Coleção de Fotografia Contemporânea do Novo Banco, uma das 80 melhores coleções corporativas do mundo (segundo o estudo Global Corporate Collections, da Deutsche Standards Editionen), iniciada em 2004, tem cerca de mil fotografias de 280 artistas provenientes de 38 países. A Coleção da Fundação Coca-Cola Juan Manuel Sáinz de Vicuña construiu, desde 1993, um acervo de 384 obras de fotografia, escultura, pintura e vídeo, em exposição no Centro de Arte Contemporânea DA2, em Salamanca. A sua responsável, Lorena Martínez de Corral (filha de Maria de Corral, comissária que escolheu o representante português na Bienal de Veneza 2015, João Louro, também aqui presente), é a curadora do retrato de grupo agora mostrado – “uma pluralidade de olhares”, descreve ela. Uma polaroid onde, ao lado de imagens exemplares, há escolhas menos relevantes, vemos nós. E se o fio temático é vago, pode ser puxado para um ou outro lado. Por exemplo, para os nomes repetidos em ambas as coleções: Gabriela Albergaria, João Penalva, Luís Palma, Nuno Cera e o espanhol José Manuel Ballester. Exemplificam as muitas praxis em torno da fotografia atual: fusão com outros média como o desenho (Albergaria), criação poética sobre a memória e os objetos (Penalva), registo da paisagem social (Luís Palma) radiografia urbana (Cera), atenção à luz e às “arquiteturas” (Ballester)… Esta pluralidade é a razão de ver, ou rever, as imagens dos 48 artistas (incluindo três duplas) como Alberto García-Alix, Pierre Gonnord, Miguel Rio Branco, Daniel Blaufuks, Edgar Martins, Ignasi Aballí…
Linhas de Diálogo > Espaço Novo Branco > Pç. Marquês de Pombal, 3A, Lisboa > T. 21 883 1980 > 5 abr-30 set, seg-sex 9h-19h