Percorrendo a ficha técnica, é preciso chegar ao diretor de fotografia para encontrar um nome masculino. Jogo de Damas é, pois, um filme de mulheres. Patrícia Sequeira realiza e produz, Filipa Leal escreve o argumento e a interpretação é de cinco grandes atrizes portuguesas. Inevitavelmente, fala-se da condição feminina. Mas a questão da perda, transversal ao filme, é obviamente universal.
O contexto é em tudo semelhante ao de Os Amigos de Alex, a obra prima de Lawrence Kasdan, onde um círculo de amigos se “encerra” numa casa, por ocasião da morte de um amigo comum. A perda é pretexto para a união, o conflito, a revelação, a intimidade.
Na primeira longa-metragem de Patrícia Sequeira, a amiga, que sofria de uma doença prolongada, escreve uma carta testamentária a cada uma das cinco companheiras, revelando o desejo que passassem uma noite juntas, na sua casa de campo, lá para os lados de Alcácer do Sal. É uma noite de dor, sofrimento, memórias, ajustes de contas e segredos desvendados.
Para a criação do filme, Patrícia Sequeira serviu-se de técnicas de atores próximas do Living Theater, desfiando as atrizes a um jogo, em que a sua persona se confundisse com a da personagem. Tal, no entanto, não evitou que o filme registe alguns desequilíbrios, que fragilizam a empatia com as personagens.
Apesar de esta sera sua primeira longa-metragem, Patrícia Sequeira tem já uma longa carreira na televisão, tendo realizado séries como Conta-me como Foi, E Depois do Adeus e Terapia.
Jogo de Damas > De Patrícia Sequeira, argumento de Filipa Leal, com Ana Nave, Ana Padrão, Fátima Belo, Maria João Luís e Rita Blanco > 89 min