1. True Detective: Night Country Max
A expectativa estava muito alta para a quarta temporada desta antologia de crimes e não defraudou a plateia, unânime em aplaudir o argumento e as interpretações de Jodie Foster e Kali Reis. As atrizes estão ambas nomeadas para os Globos de Ouro (entregues a 6 de janeiro de 2025), com a série a concorrer também nas melhores do ano.
As novas detetives encarregadas de um misterioso caso de múltiplo homicídio não são as melhores amigas, mas vão ter de se entender para, numa vila gelada e escura do Alasca, descobrir os culpados. Ao longo dos seis episódios, o argumento – escrito, produzido e realizado pela mexicana Issa López – levanta questões sobre a descendência de nativos indígenas norte-americanos. Assegurada a renovação de True Detective, o que terá Issa López em mente para a próxima temporada?
2. Shogun Disney+
Com dez episódios, a série japonesa fez história nos Emmy ao receber 18 prémios. Entre estes, figuram o de melhor série de drama, mas também as vitórias de Hiroyuki Sanada e Anna Sawai como protagonistas e a distinção na realização (escapou-lhe o de argumento, que foi para Slow Horses). Seguramente, fará um brilharete em janeiro nos Globos de Ouro.
A crítica tem sido unânime e esta é já uma das melhores séries de 2024. Baseada no romance Shōgun, de James Clavell (1975), inspirado em factos reais, a trama decorre no final da época feudal no Japão, viragem do século XVII, e conta a história de um navegador inglês, John Blackthorne, que desembarca num país oriental, até então mantido secreto pelos portugueses (de quem não é passada uma imagem lá muito católica), para entrar num enredo de lutas políticas e de poder. Bem interpretada e bem filmada, tem nos cenários japoneses recriados outro dos seus trunfos. M.C.B.
3. Matilha RTP Play e Prime Video
Logo em janeiro, estreou-se na RTP1 um thriller polvilhado com humor negro. Matilha é a extensão de Sul (2019), drama policial neo-noir, passado na Lisboa dos anos da Troika. O projeto, assinado também por Edgar Medina (Causa Própria, Cartas da Guerra), coescrito com Guilherme Mendonça e Rui Cardoso Martins, pegou em duas das personagens principais de Sul e deu-lhes novas vivências. Matilha (Afonso Pimentel) e Mafalda (Margarida Vila-Nova) eram um casal pobre, um namoro antigo, que depois se separou e cada um tentava seguir com a sua vida. Mas tropeçaram sempre no mundo do crime.
4. Mr. & Mrs. Smith Prime Video
Para quem teve dúvidas sobre mais uma série que deriva da adaptação de um filme, Mr. & Mrs. Smith é uma surpresa e uma lufada de ar fresco, que nos faz esquecer Brad Pitt e Angelina Jolie. O que pode correr mal quando dois estranhos, dois espiões, são escolhidos para formar um casal fictício e cumprir as missões da Companhia? Tudo. Mas a dupla formada pelos atores Donald Glover e Maya Erskine, nomeados para os próximos Globos de Ouro, consegue surpreender em cada um dos oito episódios. A cumplicidade e a empatia, tanto física como verbal, acrescentam muito a uma narrativa fácil, com cenas de ação pelo meio.
5. Ripley Netflix
Somos do team de Andrew Scott, ator irlandês que já se tinha feito notar como o padre sexy na série Fleabag e a crítica elogiou no drama All of Us Strangers. A partir de Ripley todos lhe tiramos o chapéu. São muitos os pontos a favor desta adaptação da novela policial de Patricia Highsmith, assinada por Steven Zaillian, com três nomeações para os Globos de Ouro.
Este Ripley é um sedutor, manipulador, perito em enganar e contar mentiras, e um assassino que chega a ter o telespectador do seu lado. O tom dramático e sofisticado da imagem a preto-e-branco, em cenários dignos de bilhetes-postais italianos, conjuga-se na perfeição com o ritmo lento e os silêncios de algumas cenas dos oito episódios. Destaque para Eliot Sumner, filha do cantor Sting, pessoa não binária, ao interpretar um Freddie Miles bem diferente daquele que Philip Seymour Hoffman fez, em 1999.
6. The Bear Disney+
E à terceira temporada, continuou o buzz em torno da série-fenómeno da Disney+, um retrato do mundo impiedoso da alta cozinha. Desta vez, os elogios foram mais contidos e houve quem tenha visto esta leva de dez episódios demasiado concentrada em explorar o passado (através de flashbacks), em vez de fazer avançar a história. Ainda assim, The Bear mantém-se entre as melhores séries de televisão de 2024. Com 21 Emmy recebidos pelas duas primeiras temporadas, em 2025 haverá novos episódios e mais prémios, começando nas cinco nomeações para os Globos de Ouro. Sim, chefe! I.B.
7. Disclaimer Apple TV+
Vénia seja feita a este elenco, mas sobretudo a Kevin Kline, no papel do mais hostil e retorcido professor reformado e viúvo, obstinado em atormentar a vida de Catherine Ravenscroft (Cate Blanchett), uma documentarista premiada, do seu marido (Sacha Baron Cohen) e do seu filho (Kodi Smit-McPhee). Disclaimer não é para ser vista com distrações, nem de cabeça cheia, requer atenção aos detalhes e às diversas narrativas contadas por camadas. As histórias não se cruzam num determinado momento, existiram em simultâneo. As vozes dos narradores complementam esses tempos.
Disclaimer é a adaptação do livro homónimo de Renée Knight, escrito em 2015, que o cineasta mexicano Alfonso Cuarón, premiado com quatro Oscars (divididos por Roma e Gravidade), queria fazer em longa-metragem, mas não conseguiu condensar em menos de 120 minutos.
8. Presumível Inocente Apple TV+
Em 2022, Anatomia de Um Escândalo, na Netflix, já nos tinha prendido a atenção por um caso levado a julgamento e muita polémica com a definição da palavra consentimento. Este ano, David E. Kelley (Big Little Lies, The Practice, Ally McBeal) voltou à carga na criação de Presumível Inocente e Jake Gyllenhaal foi magistral na interpretação de Rusty Sabich, um vice-promotor que fica com a vida virada do avesso ao tornar-se suspeito de um crime (esqueçamos que este ano também fez Road House…). Nico Della Guardia (O-T Fagbenle) e Tommy Molto (Peter Sarsgaard) promovem a sua culpa, a mesma do filme realizado por Alan J. Pakula, em 1990, protagonizado por Harrison Ford, baseado no livro de Scott Turow. Suspeitas pairam sobre todos os personagens, mas são muitas as reviravoltas inesperadas e surpreendentes.
9. Baby Reindeer Netflix
Muito se escreveu sobre esta minissérie, mas também sobre a história verdadeira que nela se conta. Richard Gadd, britânico de 35 anos, é o autor e protagonista de Baby Reindeer, que começou por ser uma peça de teatro premiada no Festival Fringe, em Edimburgo, em 2019. Ser perseguido por uma mulher que o bombardeou com mais de 40 mil e-mails e centenas de horas de mensagens de voz, ao longo de dois anos, dá o mote para o que inicialmente pode parecer comédia, mas intensifica-se para o drama, a acutilância e o desconforto.
Nos últimos Emmy, Baby Reindeer deu à Netflix uma vitória na categoria de minissérie, série de antologia ou telefilme. Richard Gadd e Jessica Gunning levaram, respetivamente, os prémios de melhor ator e melhor atriz secundária numa minissérie. As nomeações para os Globos de Ouro repetem-se nas mesmas categorias.
10. Dune: Prophecy Max
Depois de, em 1984, David Lynch ter transformado em filme Dune, a obra de ficção científica de Frank Herbert (1920-1986) lançada em 1965, a história foi levada ao cinema em 2021 e 2024 por Denis Villeneuve.
Dune: Prophecy é inspirada no livro Sisterhood of Dune (2012), escrito por Brian Herbert (filho de Frank Herbert) e Kevin J. Anderson. A ação passa-se dez mil anos antes dos filmes de Villeneuve, quando a ordem matriarcal Bene Gesserit foi fundada pelas irmãs Harkonnen, Valya (Emily Watson) e Tula (Olivia Williams). Política, religião e poderes sobrenaturais, tudo serve para exercer influência junto das famílias nobres do Imperium e controlar o futuro da Humanidade. Terá a série o mesmo efeito dos filmes? Para já, era uma das estreias mais aguardadas do ano e elevou o lugar das mulheres numa produção épica. I.B.