A pesquisa de André Santos e Marco Leão, para escreverem o argumento de Cavalos de Corrida, incidiu na década em que ambos nasceram. A dupla, também de realização, da nova série da RTP, produzida pela Ukbar Filmes, esmiuçou a década de 1980, centrando a atenção nos assaltos e atentados levados a cabo pelas FP25, organização de extrema-esquerda, mas também por bandidos corriqueiros a joalharias e bancos.
A trabalharem juntos há cerca de 15 anos, André e Marco, ambos com 38 anos, perceberam que nasceram em tempos de crise económica, num país a caminho de entrar na Comunidade Económica Europeia, em que “a vida não era assim tão diferente da de hoje”.
“Os nossos protagonistas estão a planear roubos para conseguirem comprar uma casa. O passado, para mim, é um mapa que olhamos enquanto caminhamos para o futuro”, analisa André Santos. Marco Leão explica que todos os personagens e as situações vividas são ficcionados, não se basearam em ladrões concretos ou assaltos específicos, mas viram muitos filmes antigos, como O Círculo Vermelho, de Jean-Pierre Melville, The Killing, de Stanley Kubrick, Thief, de Michael Mann, e Gloria, de John Cassavetes.
Domingos (Tomás Alves) e Olinda (Teresa Tavares) são uma espécie de Bonnie e Clyde. “Ele é destemido, ela persuasiva, vivem uma relação turbulenta e querem muito ter uma casa.” Tudo muda quando Orlando (Miguel Guilherme) lhes propõe assaltar a caixa-forte de um banco. Mais improváveis de virem a ser larápios são Augusto (João Vicente) e Lúcia (Maria João Pinho), ele com dois empregos, ela extremamente conservadora, a trabalhar num banco e com problemas de fertilidade. Os autores quiseram criar personagens corajosos, com objetivos muito bem delineados, mas todos vão acabar corrompidos. “Todos são cavalos de corrida”, resume Marco, explicando a escolha do título da série, nome da canção dos UHF, apelando à nostalgia do imaginário coletivo.
Cavalos de Corrida > Estreia 22 fev, qua 21h > 8 episódios > RTP1 e RTP Play