A quarta temporada de The Handmaid’s Tale acaba de forma assustadora (e o que não é assustador nesta série?). As mulheres que escaparam de Gilead rumo ao Canadá, incluindo a protagonista, June Osborne, não querem fazer o caminho de cura e reconciliação com o seu passado, rumo a uma vida normal e em paz. Querem vingança, obviamente. Estão demasiado destruídas para embarcarem no maravilhoso mundo da superação. Bom, nem todas, mas muitas e, bem instigadas por uma líder natural, June (Elisabeth Moss), afiam as garras. O comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) é a presa perfeita – no meio da floresta, à noite, um grupo de mulheres vai atrás dele. “Run (foge)”, diz June. E começa a caçada. As fotografias que divulgam a estreia da quinta temporada (nesta segunda, 10, no TVCine), essas sim parecem spoiler: ver Serena (Yvonne Strahovski) coberta de luto, em Gilead, deixa logo adivinhar o sucesso do caçador. Como se aquelas mulheres respondessem de forma animal à bestialidade do que viveram. Quem as pode julgar? Mas restará ali alguma humanidade?

Pondo-nos no lugar de June, é impossível levar a vida para a frente, quando a sua filha Hannah continua em Gilead. (Para quem não conhece o enredo, este é um país nascido no seio dos EUA, a partir de uma revolução dos ultrarreligiosos que, para fazer face à baixa taxa de fertilidade, em virtude da destruição ambiental, obrigam as mulheres a regressar “às origens”: umas na cozinha (as empregadas), outras na sala de estar (as esposas) e o terceiro grupo na cama (as “handmaids”, mulheres férteis transformadas em escravas sexuais e parideiras). Sim, o regresso, só pode ser inevitável, a este local distópico, criado por Margaret Atwood, terra de pesadelos que nem nos passam pela cabeça.
A própria autora canadiana, ao ver a primeira temporada (a que adapta o livro, pois a partir daí é tudo criado de novo), disse que achava as cenas “horrivelmente perturbadoras”. Agora, que se estreia a quinta temporada, foi já anunciada uma sexta, que será a última. E, pela amostra que espreitámos desta quinta, vamos todos ficar de novo agarrados ao pequeno ecrã, pois o argumento continua brilhante (alvíssaras ao criador Bruce Miller) e a realização melhor do que nunca (Elisabeth Moss assina alguns episódios). Vamos então respirar fundo e aguentar os murros no estômago.
Série de culto: Com 15 Emmys e dois Globos de Ouro no currículo, The Handmaid’s Tale é das melhores séries da televisão. No serviço de vídeo do TVCine+ podem ser vistas as temporadas anteriores.
The Handmaid’s Tale > Estreia 10 out, seg 22h10 > TVCine Emotion